Quarto do Joshua

Acabei por adormecer facilmente, dormindo bastante. Detestava ter sonhos, quando acordava continuava cansada, ou seja, duvidava que as tonturas parassem. Quando acordei, Josh ainda estava na cama, deitado de barriga para cima, quase como uma estatua. Cheguei.me para ele devagarinho e comecei a beijar o seu maxilar, roçando o nariz na sua bochecha - boa tarde - disse baixinho, reparando nas horas

Ri.me quando ele me puxou para si, fechando os olhos quando me beijou a testa. - Dormi mais ou menos. Tive um sonho e não gosto de sonhar - respondi.lhe, continuando os beijos pela sua barba - E tu ? Dormiste ou ficaste ai acordado na mesma posição até eu acordar ? - questionei

- Nao, nao me lembro do que estava a sonhar mas eu nao gosto de sonhos porque me fazem acordar cansada - expliquei enquanto passava a mao pela sua barba e reparava no quao tinha crescido. Agora quando a minha pele passava na sua, arranhava - nao deixes a barba crescer muito mais, ficas bem assim- disse, enquanto lhe dava um beijo na bochecha. Honestamente nao sabia o que se passava comigo mas eu andava a acordar demasiado melosa

- Sim, picas mas não em demasiado. É sexy - encolhi os ombros e passei a mão pelo seu cabelo, enquanto o voltava a beijar até ficar junto ao canto da sua boca - sim, podes encomendar algo. chipotle ? - perguntei - ou queres algo mais saudavel tipo tender greens ?

Olhei para o seu telemóvel e vi.o a tirar a mensagem do ecra, ignorando.a. arqueei o sobrolho - depois logo vemos o que comemos de sobremesa - sorri e decidi ignorar. quando tivesse oportunidade, logo lhe perguntaria porque tinha ignorado a mensagem. vi os seus olhos azuis descerem até aos meus lábios, que me fez sorrir. beijei o canto da sua boca novamente, mordendo o meu lábio, enquanto me chegava mais para ele, encostando o meu peito ao seu tronco

- Perguntar podes perguntar, não te garanto é que te responda à pergunta - expliquei enquanto me afastava ligeiramente dele - deixa.me adivinhar.. vais perguntar porque é que eu hoje estou tão simpática e a beijar.te em vez de me por a milhas daqui e nunca mais te falar - supus, provavelmente estando correta

- Ah isso - desviei o olhar e encolhi os ombros - não estou habituada que me toquem na perna, nao quando está sem a protese - expliquei - não é normal uma rapariga da minha idade não ter metade da perna, quanto mais os rapazes tocarem nela quando não se está habituado. eu aprendi a evitar e afastar a perna quando estou sem ela, dai me ter logo tapado antes de voltares para o quarto - encolhi os ombros - é um mecanismo de defesa tambem, sempre fui gozada por isso.. nao sei explicar, nao foi nada contra ti em especifico

- É diferente.. quando aconteceu, ela ainda estava la. podia estar toda destruida mas estava lá e agora não, agora é um coto afunilado e nojento - engoli em seco. eu detestava não ter perna, detestava que todos olhassem quando eu usava calçoes. detestava que todos se afastassem como se fosse uma doença contagiosa - prefiro mante.la afastada honestamente

- Eu sei que não havia nada a fazer pela perna, eles não tiram pernas só porque sim, acredito que tenha sido um cenário feio mas as vezes não posso deixar de pensar o que seria pior. uma perna toda destruída e feia ou a falta dela - suspirei - Josh.. - peguei no seu braço, puxando.o para cima - eu sei que sou mais do que a minha falta de perna mas nem sempre posso ser aquela rapariga com um grande ego que não se importa com nada. as vezes é cansativo ser assim

- Eu não sei ser de outra maneira. Eu já não sei como sou sem a faceta da mecanica bruta, faz parte de mim a tanto tempo que já sou assim por natureza - suspirei, sorrindo ligeiramente - obrigada josh - agradeci, beijando.o carinhosamente enquanto abraçava o seu pescoço

Acordei num quarto ja conhecido. Não precisava sequer de abrir os olhos para saber que estava no quarto de Joshua. Levantei.me devagar porque ainda estava com dores e cada movimento que fazia era como se me atropelassem de novo, felizmente a minha perna estava a porta e intacta, um pouco amachucada mas ainda dava para andar. Pus a perna e fui procurar por Josh, tinha umas quantas coisas para lhe dizer mas ele não estava em casa, em vez dele estavam dois homens sentados no sofá a ver televisão - O Joshua ? - perguntei seriamente, acho que se ele me aparecesse a frente eu o matava.
- Cinder, certo ? Ele teve de ir tratar de uns assuntos mas ele volta ja - ainda bem que ele não estava em casa, era a oportunidade perfeita para eu me ir embora. Sorri e não disse nada apenas me dirigi até a porta mas fui impedida - Não, tu não podes ir embora. Ainda estás muito magoada e o Josh pediu.nos para te mantermos aqui
- Voces não podem fazer de mim refem. Esta nao e a minha casa, eu não quero estar aqui e tenho o direito todo de ir embora, isto é, se não quiseres levar com mobilia em cima - avisei mas nenhum deles se mexeu, obrigando.me a tomar medidas extremas e atirar um jarro que estava a mao

Quando ele se aproximou de mim, a primeira coisa que fiz foi dar.lhe um soco - Tu não tinhas o direito de fazer nada disto. Ir falar com o Theo, dar.me o que me deste no hospital e prender.me aqui como uma refém. - gritei.lhe, empurrando.o para longe de mim. ainda tinha dores mas nada como um shot de raiva no corpo, um shot de adrenalina para fazer esquecer tudo - agora sai.me da frente antes que eu te mate e é bom que ninguém me impeça de sair - avisei, agarrando.me ao meu tronco