Casa geral

Relembrando a primeira mensagem :

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Olhei para ela, divertido.
- Nunca saberás, então. Mas depois não digas que nunca te avisei. Lá acontecem coisas. - brinquei com ela.
Comecei a comer calmamente, ouvindo-a.
- Já te disse que não sou facilmente conquistado. - continuei a bancar o difícil, rindo-me.
Deixei o telemóvel em cima da mesa e fiz-lhe uma careta.
- E vais ver-me a mim. Mas eu tenho de estar lá ainda mais cedo. E eu tenho razão para sair mais cedo das aulas em dias de jogo, mas tu não. - expliquei calmamente. - O jogo é às 18h00. A Emma pode ir buscar-te por volta das 17h00. Entretanto, elas apresentam-se e começam os treinos. - continuei, enquanto comia calmamente. - Não te aconselho a ir mais tarde, porque o pessoal que saí por volta dessa hora vai todo direto para o campo e fica bastante confusão. E depois as raparigas da claque também já ficam sem poder sair do sítio delas.

Assim que a conversa sobre o jogo se tornou mais séria do que aquilo que eu estava à espera, dei por mim a arregalar ligeiramente os olhos.
- Eu sei que te vou ver, eu estava a brincar.- murmurei, com um ligeiro encolher de ombros. Era a primeira vez que ia assistir a um jogo e por muito que não me interessasse pelo desporto em si, tinha de confessar que até estava algo curiosa.- não te preocupes, amanhã acabamos as aulas cedo, vou estar lá a horas.- assenti para mim própria, esticando-me até uma outra panqueca.- estás nervoso? - perguntei, olhando-o depois por cima do ombro.- por causa do jogo.- acrescentei.

Notei o seu semblante mudar completamente e abanei a cabeça.
- Ei, eu sei que estavas a brincar. - assegurei, beijando a sua bochecha. - Só te estava a explicar como funciona. E porquê que não posso ser eu a ir levar-te ao teu lugar. - expliquei calmamente, retomando a minha refeição.
Encolhi os ombros descontraidamente quando me perguntou se estava nervoso por causa do jogo.
- Neste momento, estou bem. Se me perguntares amanhã, talvez a resposta seja diferente. - admiti com uma careta.

Fechei os olhos ao sentir os lábios de Noah na minha bochecha, deixando-me apreciar aquele beijo e limitei-me a assentir.
- Eu percebi.- assegurei.- está tudo bem. Amanhã lá estarei.- sorri ao de leve, pousando os talheres no meu prato mal acabei de comer e deixei depois a minha cabeça cair no seu ombro, enquanto o ouvia falar.- tenho a certeza de que vai correr bem.- tentei reconfortá-lo, apanhando a sua mão livre para começar a brincar com os seus dedos.- além do mais, eu vou lá estar.- sorri convencida, apesar de ele não conseguir ver.- vou dar-te sorte.

Assenti.
- Se te atrasares, vai diretamente para onde vires a claque. Elas depois ajudam-te. - encolhi os ombros ligeiramente, com cuidado por ela ter pousado a cabeça em cima de um deles.
Ri-me ao ouvi-la.
- Bem, não deverias estar tão convencida disso. É uma boa equipa. Eles são fortes e, para a semana, estamos no campo deles. Então há muito em jogo. - acabei de comer, bebendo um pouco de sumo.

Decidi deixar o assunto da claque por ali, visto que já me tinha comprometido a chegar a horas e limitei-me a assentir face às suas palavras.
Semicerrei os olhos quando o ouvi desvalorizar o que tinha dito e vi-me obrigada a levantar ligeiramente a cabeça, mordiscando-lhe o ombro.
- E tu não deverias contrariar-me.- contrapus num tom forçosamente aborrecido.- eu tenho noção das minhas capacidades.- empinei ligeiramente o nariz, esboçando depois um leve sorriso e voltei a olhá-lo.- pretendes fazer do futebol o teu futuro? - dei por mim a perguntar. Acho que nunca tínhamos falado sobre aquilo.- ou é mais um hobbie?

Revirei os olhos perante a sua teimosia, acabando por me rir.
- Vai dizer à equipa que és o amuleto da sorte e vês o que é que eles te dizem. - brinquei com ela e peguei na loiça, levantando-me para a levar até à pia. - Sinceramente, não sei. - admiti. - O meu irmão sempre ligou ao futebol mais do que eu. Na verdade, eu entrei para a equipa por causa dele. Então penso que depende. Se surgisse uma oportunidade, talvez a aproveitasse. - encolhi os ombros.

- Eu acho que é mais o que eles te dizem a ti.- encolhi os ombros, fazendo um esforço enorme para não me rir.- aposto que te iam logo dizer para me partilhares com eles.- gozei, aproveitando que ele se levantara para fazer o mesmo. Pousei o meu prato na pia, juntamente com o seu e passei-os por água enquanto o ouvia falar.- mas agora gostas do que fazes ou só continuas lá por ele? - olhei-o.- vocês têm mesmo de fazer tudo juntos, não é? - sorri. Eu tinha de confessar que achava a relação deles bastante querida. Eram tão próximos que, apesar das picardias, se notava ao longe o quanto gostavam um do outro. Limpei as mãos a um pano, assim que terminei de lavar a loiça.- eu não me imagino a fazer outra coisa sem ser pintar.- confessei com um encolher de ombros.

Arqueei o sobrolho.
- Não vou responder a isso. Teria de ser uma decisão tua, se querias ser partilhada. - brinquei. - Mas por acaso eles só são de mandar bocas e pregar partidas. - encolhi os ombros. - Já perceberam que há poucas coisas que me atingem, então tentam pregar-me partidas. Há uns tempos, antes de um jogo, esconderam-me a camisola e substituíram com uma que apelava aos direitos gays. - contei, divertido. - Passei a hora do treino com ela. Não sei bem se eles estavam a tentar provocar-me, ou mostrar-me apoio. - admiti com uma careta. - No jogo, já tive que vestir a oficial, claro. Mas foi engraçado ver a cara do treinador quando eu apareci com uma camisola que mais parecia a bandeira do orgulho.
Olhei para ela, pegando num pano para limpar a loiça que ela estava a lavar.
- Passei a gostar bastante. - admiti. - Porque, por muita testosterona e picardias que existam dentro do balneário, somos uma família ali dentro. E eu gosto disso. Do espírito de equipa. - confessei e depois assenti quando a ouvi falar sobre se imaginar a pintar. - Eu não quero fazer apenas uma coisa. Então vou tentar conciliar o que puder, desde que continue a gostar do que estiver a fazer.

- Não gosto de ser partilhada.- resmunguei de forma imediata, com um ar ligeiramente carrancudo, mas logo me concentrei na história que me contava a seguir, não conseguindo conter uma leve gargalhada.- vocês são impossíveis.- abanei a cabeça, ainda a rir.- mas confesso que adorava ter a sorte de te ver com essa camisola.- brinquei.- aposto que realçava imenso esses teus belos olhos.- pisquei-lhe o olho, bastante divertida com a nossa conversa. Tinha de confessar que era muito melhor assim, quando estávamos bem um com o outro.
- Eu já pratiquei natação, mas lá era tudo muito mais individual.- encolhi os ombros, ouvindo-o falar da sua equipa.- acredito que o ambiente seja muito diferente entre vocês.- sorri-lhe, deixando depois que continuasse a falar.- acho que é um bom plano, Walker.- respondi-lhe.- até porque não tens lá muito jeitinho para a pintura.- piquei-o, com um olhar semicerrado e saltei depois do banco para o chão, esticando-lhe uma mão.- vamos para a sala, já me dói o rabo de estar nestes bancos duros.

Ri-me com os seus comentários e abanei a cabeça.
- E eu a pensar que era estar sem t-shirt que realçava os meus olhos. - brinquei, fingindo-me desiludido com aquele facto. - Eu guardei a camisola. Está algures por minha casa. - admiti com um encolher de ombros.
Ouvi as suas palavras com atenção e assenti, concordando quanto à individualidade de um desporto com a natação.
- Depois do jogo a equipa vai jantar toda junta. Com a claque e algum pessoal de fora. O grupinho do costume. Se quiseres ter a experiência de perto, é só vires connosco. - ri-me. Aceitei a sua mão quando ma estendeu e olhei as horas. - Na verdade, acho que daria jeito ir dormir. Já é uma da manhã. - confidenciei, divertido. - E respondendo a algo que disseste ao bocado: eu e o meu irmão não fazemos tudo junto. - brinquei.

Levantei uma sobrancelha, ao ouvir a sua provocação, e decidi que também sabia brincar àquele jogo.
- Sem t-shirt realçam-se-te outras coisas.- encolhi os ombros, como se nada fosse, e só desfiz a minha postura quando o ouvi dizer que ainda tinha a t-shirt guardada.- eu vou muito ver-te com ela vestida! - apontei um dedo na sua direcção, como que a prometer que aquilo ia mesmo acontecer. Continuei a ouvir a sua conversa, dando por mim a sorrir com os rituais da sua equipa, mas assim que ouvi o seu "Se quiseres ter a experiência de perto, é só vires connosco", inclinei ligeiramente a cabeça para um lado.- isso é um convite, Walker? - dei por mim a sorrir.
Agarrei na sua mão, agradecendo mentalmente por finalmente sairmos daquela cozinha, mas fui obrigada a parar de andar quando o ouvi.
- Podemos ir para o quarto, se quiseres.- murmurei, mas logo me endireitei ao perceber o que tinha dito.- quer dizer...isto se quiseres ficar comigo.- fiz um gesto qualquer com a mão, acabando por largar a sua.- mas se quiseres ir para casa, eu percebo. Não te sintas obrigado a ficar.- continuei a falar, mordiscando o meu lábio inferior de uma forma distraída.- só não quero prejudicar-te para amanhã.

Ri-me do seu comentário.
- Ai é? E gostarias de me contar mais sobre isso? - questionei, num tom divertido. Fiz uma careta quando apontou para mim. - Se ela ainda me servir. Digamos que eu... cresci desde essa altura. - apontei convencido para o meu peito e músculos, acabando por me rir.
Tentei não sorrir ao vê-la toda atrapalhada quando começou a falar em dormir lá.
- Há sempre a opção de vires comigo. Pegares no que precisas, porque... - o meu telemóvel vibrou na minha mão e notei que tinha umas quantas mensagens do meu irmão a perguntar onde raio eu estava. Virei o ecrã para Kaylee. - O meu irmão não dorme enquanto eu não chegar. - ri-me.

Ao ouvir a sua gargalhada, foi impossível não me juntar.
- Na realidade, não.- respondi de uma forma muito natural à sua pergunta.- já és convencido que chegue.- resmunguei, apesar de estar a sorrir. Segui o seu dedo até aos seus músculos - ou melhor, o seu peito -, quando apontou para o mesmo e deitei-lhe a língua de fora.- eu acho é que engordaste, isso sim.- piquei-o, apesar de ele não estar, de todo, gordo ou algo do género. Muito pelo contrário. Na verdade, ele era bastante...pára com isto, Kaylee.
E estava tão perdida em debater comigo mesma que as suas palavras demoraram mais do que o suposto a fazer sentido no meu cérebro. Arregalei os olhos de repente, levantando o meu olhar da mesma forma até ele, e tive de morder a parte de dentro da minha bochecha com força, para me conseguir conter. Ele estava a convidar-me para ir dormir a casa dele? Eu já devia estar a sonhar.
- Tu queres que eu vá dormir a tua casa? - dei por mim a perguntar, tendo a perfeita noção da figura que estava a fazer.- quer dizer, eu gostava muito de ficar contigo.- confessei, tentando parecer o mais normal possível.- mas e se a tua mãe me vir lá? - fiz uma pequena careta.- não te quero arranjar problemas.- e apesar de todas as coisas que estava a dizer, não conseguia conter a vontade que tinha de ir com ele. Eu não acreditava que aquilo estava mesmo a acontecer. Dei por mim a mordiscar o meu lábio inferior, como sempre fazia quando me perdia nos meus pensamentos, e só quando o meu nariz embateu no de Noah é que me apercebi de que me tinha aproximado dele o suficiente para o beijar.- mas confesso que gostava muito de ir contigo.- sussurrei contra os seus lábios. Eu estava completamente irracional, é que só podia. Não dizia coisa com coisa.

Abanei a cabeça, fingindo-me desiludido com a sua resposta.
- Bem me parecia que era bom demais para te ouvir tecer qualquer elogio. - fiz beicinho e observei-a a traçar as marcas do meu peito com os dedos, tocando nos músculos que se formavam. - Não te queixaste ao bocado. - provoquei.
Contive-me para não rir com a sua reação perante o meu convite.
- Eu não moro com a minha mãe. Moro com o Evan. - expliquei calmamente, rindo-me contra os seus lábios quando me beijou. - Dormir aqui ou lá, vai dar ao mesmo. A única diferença é que tenho um irmão chato que não para de mandar mensagens. O meu telemóvel parece um vibrador. - ri-me.

- Se te portares bem, pode ser que depois te conte mais sobre os teus atributos.- brinquei, tocando-lhe com um dedo no beicinho e fingi um ar chocado com a resposta que me deu a seguir.- não te sabia tão seguro de ti mesmo, Noah Walker.- semicerrei-lhe os olhos, encolhendo os ombros de seguida.- mas é verdade, até és bonzinho naquilo que fazes.- atirei, com um sorrisinho maroto que logo se desfez para que o conseguisse beijar.
- Pára de gozar comigo.- resmunguei, ao afastar os meus lábios dos seus, ainda que não me afastasse o suficiente para ficar longe dele.- tens demasiadas casas, uma pessoa fica confusa.- gargalhei. Por um lado, ficava muito mais descansada. Até porque nós não tínhamos nada em concreto, certo? Era mais do que normal que ele não quisesse ser visto comigo. Olhei para o telemóvel que ele ainda segurava na mão e senti os meus olhos arregalarem-se novamente à medida que o ouvia. A diferença foi que desta vez me desmanchei a rir com o que disse.
- Eu vou preparar as minhas coisas! - elevei as mãos no ar, começando a afastar-me dele.- não quero que te entusiasmes com o teu próprio telemóvel.- gozei.- vou despachar-me e prometo que vamos já já acudir o teu gémeo desesperado.- roubei-lhe um último beijo e fui depois até ao meu quarto, para preparar as coisas que precisava para amanhã. Não precisava de tanta coisa quanto isso: bastou trocar os livros e os cadernos para as aulas que íamos ter amanhã e enfiar um vestido e umas cuecas na mochila, juntamente com a bolsinha que tinha com a minha maquilhagem, o meu perfume e a escova dos dentes. Era por estas e por outras que me orgulhava de ser uma rapariga prática. Fechei a mochila, colocando-a ao ombro e em menos de 5 minutos já estava novamente ao pé do meu gémeo favorito.
- Estou pronta! - sorri-lhe.- podemos ir, sr vibrador!