Apartamento

Harry abanou a cabeça para Wade.
- A menos que tenhas muita coisa para fazer, vais ter que ficar. Para jantar. - anunciou, despreocupado. - O Louis não é bom na cozinha e precisa de ficar entretido. É pior do que as crianças. - sorriu carinhosamente para o marido e eu sorri também, completamente encantada com os meus pais. - E vamos fazer noite de jogos. É assim que se mata saudades numa casa Stylinson, mas que a família não esteja toda presente.
Assenti, ainda sem largar o meu pai.
- Quem recusa, fica na lista negra. - acrescentei seriamente.
- E tu não queres ficar na nossa lista negra junto ao desgraçado, certo? - Louis sorriu de forma inocente.

Estava prestes a despedir-me deles para entrar no meu apartamento quando fui "obrigado" a mudar de ideias. Guardei as chaves de casa novamente no bolso das calças e ri - Bem, longe de mim querer ficar na lista negra. - respondi - Muito bem, noite de jogos, estou dentro.

Sorri para Wade.
- Sábia escolha, rapaz. Sábia escolha. - Harry riu-se e afastou-se de mim, caminhando para a cozinha.
- Bem, vocês dois... - apontei para Wade e para o meu pai. - Vão lá ver o futebol ou lá o que seja. Hill, se o meu pai te estiver a atormentar, grita. - fiz uma careta e dei um murrinho no braço de Louis quando ele me puxou para um abraço. - Só vou para a cozinha, pai. - resmunguei, rindo-me e afastando-me rapidamente.
Fui para a cozinha, ajudando Harry com o jantar.

- Com futebol? Não me parece possível. - respondi à Daisy com um sorriso antes de seguir com Louis para a sala de estar para ligarmos a televisão e vermos o jogo que estava a dar.

Enquanto fazíamos o jantar, dei por mim a contar mais detalhes ao meu pai sobre quem era Wade, sem nunca dizer muita coisa sobre o que realmente tinha acontecido com Joe, mesmo que ele já o soubesse. Contei-lhe que Wade me ajudara com toda a história da fechadura e se estava a revelar um grande apoio.
- Ao menos é um bom rapaz. - comentou, enquanto cortava alguns vegetais.
- Sim. - concordei, sorrindo, enquanto observava a sua destreza na cozinha.
- Ficas toda sorridente... - constatou, divertido.
- Não te armes em Cupido. - fiz-lhe uma careta e comecei a colocar a mesa. - Isto está complicado e eu duvido que ele alguma vez... - abanei a cabeça.
- O quê? - o meu pai parou de cortar os vegetais e olhou para mim.
- Gostasse de mim. Tu sabes. - fiz uma careta. - "Who would choose a daisy, in a field of roses?" - citei, abanando a cabeça.
- Bem, eu e o teu pai escolhemos. E o desgraçado também. Apesar de tudo, teve bom gosto. - abanou a cabeça também. - E se o campo está cheio de rosas, Daisy... - olhou-me seriamente. - Porque haveria alguém de escolher algo que se vê em todo o lado para que se olha?

Tinha acabado de o conhecer e ainda assim sentia-me super à vontade com o Louis enquanto víamos e discutíamos sobre o jogo de futebol. Quando chegou a altura do intervalo, levantámo-nos e caminhámos até à cozinha onde a Daisy e o Harry ainda estavam à volta do jantar - É preciso ajuda? - perguntei olhando para a Daisy.

Assustei-me quando a voz de Wade preencheu a cozinha. Desviei os olhos da figura de Harry, que ainda me encarava também, aguardando uma resposta da minha parte.
- Não, obrigada. - sorri levemente, tendo não pensar nas últimas palavras do meu pai. - Como está o jogo? - perguntei, colocando o resto dos talheres na mesa, enquanto Harry voltava para os seus vegetais.

Olhei-a com atenção quando me respondeu. Ela parecia diferente.. mais feliz de certeza por ter ali os pais com ela mas também parecia mais incomodada com a minha presença, talvez. Encolhi ligeiramente os ombros, colocando as mãos nos bolsos - Estamos a ganhar obviamente. - respondi sorridente.

Sorri.
- Ainda bem. Senão o meu pai vai ficar do pior. - ri-me e ouvi Harry a rir-se também, concordando.
Depois do meu pai dizer que não precisava de ajuda, agarrei o braço de Wade cuidadosamente e puxei-o comigo para a varanda, passando por Louis, que estava distraído ao telefone.
A minha varanda não era enorme, mas era um bom aconchego e eu gostava daquele espacinho. Apontei o sofá para Wade e, depois de ele se sentar, sentei-me ao seu lado, colocando as pernas no seu colo e cobrindo-me com a manta.
- Posso fazer uma pergunta? - murmurei, observando o céu a escurecer aos poucos.

Juntei as sobrancelhas quando a Daisy praticamente me arrastou pelo apartamento até à pequena varanda. Olhei para ela assim que parámos e assenti - Diz. - respondi confuso.

Mordi o interior da bochecha e abanei a cabeça.
- Isto vai parecer parvo. - disse, olhando finalmente para ele. - Mas estou curiosa em relação à tua opinião. - encolhi os ombros. - Eu penso nisto sempre que olho para os meus pais... - apontei lá para dentro. - Achas que há uma pessoa destinada a outra? - perguntei. - Do tipo... Duas pessoas que seriam perfeitas juntas. Poderiam, ou não, ter a sorte de se encontrarem. - encolhi os ombros levemente. - Parte de mim acredita nisso. - admiti. - Eu olho para os meus pais e só consigo pensar no quão sortudos eles foram por se terem encontrado. Acho que eles o fariam de qualquer maneira, mesmo que sem a banda. E moravam tão perto um do outro, se tivermos em consideração o tamanho do mundo. - abanei a cabeça e olhei novamente para o céu. - Mas outra parte de mim não quer acreditar nisso, porque depois... - fiz uma careta novamente. - Imagina... Eu agora estou aqui, mas, se existir a minha pessoa perfeita, ela pode estar em qualquer lado do mundo e eu poderei não a encontrar. E depois isso faz pensar... O que é que alguns fizeram de mau para não encontrarem essas pessoas? - voltei a olhá-lo e suspirei. - Eu disse que era estúpido. - encolhi os ombros levemente.

Fiquei em silêncio a ouvi-la e quando finalmente acabou não fazia a mais pequena ideia do que lhe dizer - Não sei. - respondi-lhe honestamente - Nunca pensei nisso. - encolhi ligeiramente os ombros - Estive sempre mais preocupado em fugir do meu passado e dar uma boa vida à minha irmã e ao Tommy para pensar em almas gémeas. - voltei a encolher os ombros - E digamos que ao contrário de ti não tenho propriamente bons exemplos..

Assenti levemente, ouvindo o que ele dizia.
- Não precisas de bons exemplos diários para acreditar que há pessoas que são perfeitas juntas. - murmurei, fazendo uma careta.
Acabei por encolher os ombros alguns segundos depois, sem saber realmente porque é que eu tinha falado daquilo.
- Ainda estás nervosinho por causa dos meus pais? - provoquei-o, divertida.

Não disse mais nada em relação àquele assunto porque não sabia o que dizer e não a queria deixar chateada ou magoada. Revirei os olhos quando a ouvi - Oh por favor. Eu nunca fiquei incomodado com os teus pais. E adoro o Louis. - disse sorrindo - Finalmente alguém que goste tanto de futebol como eu.

Toquei-lhe na ponta do nariz como se ele fosse uma pequena criança.
- Eu não disse incomodado. Disse nervoso. - brinquei com ele e sorri. - Se o meu pai Harry te ouve a dizer isso, vai ficar muito magoado. - confidenciei, divertida.

Encolhi os ombros - Nem nervoso nem incomodado. - deitei-lhe a língua de fora e ri de seguida - Tenho a certeza que o Harry também é espetacular mas como tinhas medo que ele também me adorasse e o raptaste tenho mais contacto com o Louis.

Semicerrei os olhos.
- Se fosse o Louis a ir para a cozinha, a minha casa estava reduzida a cinzas. Ou iríamos comer algo em muito mau estado. Acho que foi justo. - ri-me e olhei para o céu novamente. - E eu não tenho medo que eles te adorem. Aprendi que nunca mais devo não confiar no que eles acham. - fiz uma careta. - Se eles não gostarem logo de alguém, por alguma razão será. Se gostarem, é bom sinal.
Foi uma questão de minutos para que os meus pais nos viessem chamar, para finalmente irmos jantar.

Soltei uma gargalhada e encolhi os ombros - Bem, agora ao jantar tenho tempo para conhecer melhor o Harry. - disse e sorri com o seu comentário seguinte - Portanto os teus pais adoram-me. Tu adoras-me. Já faço parte da família. - brinquei.

Levantei-me do sofá, dobrando a manta e voltando a guardá-la.
- Isso querias tu. É preciso mais do que piscar os olhinhos para ser um Stylinson. - brinquei com ele, piscando-lhe o olho. - É preciso, garra, determinação. E muito charme. - disse seriamente, mas logo acabei por me rir. - Eu sou a exceção. Acho que eles se enganaram. - fiz uma careta e entrei na sala.

Abanei a cabeça com um sorriso ao ouvi-la - Lamento mas pelos vistos eu já sou um adorado da tua família. - provoquei puxando-a novamente para dentro de casa - É melhor irmos ver como estão as coisas até porque estou cheio de fome... - queixei-me.

- Pelos vistos. Não te deixes enganar pelas aparências. - brinquei com ele e ri-me quando se queixou de fome, enquanto me puxava mais para a sala. - Eles já nos chamaram. Estás assim tão enfeitiçado por mim que nem ouviste? - provoquei-o de volta, sem deixar de me rir.
Voltamos para a cozinha, onde os meus pais já estavam sentados a conversar, um em frente ao outro.
- Demoraram. - Louis fingiu-se sério por momentos, semicerrando os olhos na direção de Wade. - O que estavas a fazer com a minha filha?
Revirei os olhos e sentei-me à sua beira, apontando o lugar à beira de Harry para Wade se sentar.

Não tinha mesmo ouvido mas não admiti isso à Daisy para ela não continuar a gozar comigo. Entrei na cozinha e sentei-me no lugar livre, olhando para o Louis quando falou - Fui mostrar-lhe as vistas. - respondi com um sorriso, brincalhão mas não demasiado brincalhão.

Louis arqueou o sobrolho e ia continuar a fazer comentários, mas logo Harry se meteu.
- É melhor estares calado, se não quiseres saber o que não queres. - avisou, abanando a cabeça.
Revirei os olhos.
- Quem vos ouvir falar. - resmunguei. - Eu deveria ter sido uma adolescente problemática, só para ter a fama e o proveito. - fiz uma careta.
Os meus pais abanaram a cabeça e logo nos começamos a servir.
- Então, Wade... - Harry quebrou o silêncio, passando-lhe a colher para ele se servir. - Fala-nos sobre ti. - pediu educadamente, com um sorriso simpático.

Olhei para o Harry quando interrompeu e tentei não rir. Eu era sempre visto como o rapaz problemático que levava as raparigas todas para problemas e ainda assim tinha sido aquele que tinha levado a minha irmã grávida para fora de um bairro problemático e que tinha ajudado uma ex grávida de um filho que não era meu.
- Bem, além de vizinho da Daisy, - comecei com um meio sorriso - sou mecânico, tenho o negócio com uma amiga. Não nos faz ricos mas é algo que gosto de fazer e dá para as contas. Vivo com a minha irmã e com o meu sobrinho- - acrescentei sem saber muito bem o que dizer mais.

Harry olhou para mim e sorriu assim que Wade disse "vizinho da Daisy", escutando depois o resto enquanto todos começavamos a comer.
- Gosta de futebol e torce pelas minhas equipas, o que é mais um ponto a favor. - Louis comentou, pegando numa batata frita.
Harry assentiu.
- Obviamente que é por essa razão que ela ainda está debaixo deste teto. - ironizou, divertido.
- Obviamente. - Louis repetiu seriamente.
- Acho, sinceramente, que vocês estão a tentar assustá-lo com os vossos comentários. - falei, abanando a cabeça.
Ambos se riram, encolhendo os ombros, e voltaram a sua atenção para a comida e para Wade.
- Quantos anos tem o teu sobrinho? - Harry perguntou.