Casa

Viver num apartamento para estudantes tinha muitas desvantagens mas não podia queixar-me muito, afinal se não estivesse ali estaria em casa da minha família e lá teria espaço mas seria bem pior. Deixei as coisas no meu quarto e agarrei numa muda de roupa e numa toalha para ir tomar banho aproveitando uma das casas de banho vazias.
Quando fiquei pronta fui até à sala à procura do Monty e juntei as sobrancelhas quando o vi no sofá com um rapaz que não me parecia estranho - Oi.
- Sel! Este é o Jess. apresentou o Monty todo entusiasmado - Novo colega de casa e também da academia.

Depois de sair da academia, comecei a andar em direção à minha nova casa. Tinha de confessar que estava bastante entusiasmada com toda esta nova experiência. Nunca tinha vivido com mais pessoas da minha idade - problemas de ser filha única. Para além disso, agora que tinha conhecido Jess, tinha a certeza de que muita diversão ia acontecer naquela casa.
Procurei pelas minhas chaves na mochila, revirando os olhos por nunca encontras as coisas à primeira, mas lá acabei por conseguir, abrindo a porta logo de seguida.
- Char!! - e a voz de Jess foi a primeira coisa que eu ouvi.- olha quem é que eu acabei de conhecer.- e assim que levantei o meu olhar da fechadura, os meus olhos arregalaram-se.
- É que só podem estar a gozar comigo.- sussurrei, apenas para mim. Quais eram as probabilidades de aquela ruiva viver na mesma casa do que eu? Exato, nenhumas.- eu começo a achar que me andas a perseguir.

Virei-me quando o Jess falou todo entusiasmado com alguém e tal como ela, revirei os olhos quando percebi de quem se tratava - Tu é que me deves andar a seguir. - comentei secamente. Qual eram as probabilidades de a ter na academia e no apartamento? Os meus pais achariam que se tratava de desejo divino.

- Sim, porque não tenho mais nada para fazer.- gargalhei.- hoje de manhã, quando acordei, a primeira coisa que pensei foi: hoje é o dia perfeito para andar a perseguir uma ruiva qualquer.- ironizei. Eu não estava propriamente satisfeita com esta descoberta. Tinha de confessar que esta coisa do destino me irritava bastante.
- Bem, vocês adoram-se mesmo.- Jess comentou, sendo acompanhado da gargalhada do seu mais recente amigo.
- Isto é tudo muito bonito, mas eu vou tomar banho.- encolhi os ombros.- até já, colegas.- e assim que terminei, não esperei que me dissessem mais nada, indo logo para o meu quarto. Precisava mesmo de me refrescar.

Voltei a revirar os olhos com o seu mais recente comentário mas acabei por não dizer nada, estava demasiado cansada para isso. Quando a Charlotte foi tomar banho e fiquei sozinha com o Monty e o Jess, não tardou muito até que me fartasse - Bem eu vou dormir. Até amanhã. - eles mal notaram a minha saída e eu fui para o meu quarto onde podia estar sossegada.

Ainda me deixei ficar durante um bom bocado debaixo do chuveiro. Eu sabia que as casas de banho eram para se partilhar, mas eu também tinha direito aos meus momentos de relax. Por isso mesmo, tomei o meu banho nas calmas, sentindo o meu corpo relaxar bastante. Quando terminei, enrolei-me numa toalha, embrulhando o meu cabelo noutra e saí finalmente da casa de banho. Eu sabia que ia ter de partilhar o quarto com mais alguém, mas como essa pessoa ainda não tinha dado sinais de vida, podia vestir-me lá à vontade. Sorri ao sentir os meus músculos bastante relaxados, coisa que não se prolongou quando abri a porta do meu quarto e o meu olhar se arregalou.
- Mas que raio é que tu estás aqui a fazer? - era Selena.

Estava em meio processo de vestir o meu pijama quando a porta do quarto foi aberta e uma vez mais tinha aquela rapariga à perna - Tendo em conta que este é o meu quarto há mais de um ano, estou a preparar-me para ir dormir. - respondi sem esconder o meu tom irónico - Que ao que parece é outro espaço que vou ter de partilhar contigo. - bufei vestindo finalmente a camisola do pijama e foi nesse momento que me dei conta que ela estava apenas de toalha. Certo...

Eu estava tão à toa por vê-la ali, no meu quarto, que nem me tinha deixado incomodar pelo facto de a ter encontrado meio vestida. Quer dizer, também não era como se isso me incomodasse muito, não é?
- Estou a ver que hoje é o meu dia de sorte.- ironizei com um revirar de olhos.- ou será que é o teu dia de sorte? Visto foi amor à primeira vista para ti.- pisquei-lhe o olho, apesar de ainda não estar a acreditar que aquilo estava mesmo a acontecer.- agora, se me permites, eu vou vestir-me.- e dito isto, deixei a toalha cair-me aos pés, começando a vestir o pijama.

- Vamos relembrar que tu é que estavas a olhar para mim desde que chegaste à academia. - recordei-a mas não tive tempo de dizer mais nada quando ela deixou cair a toalha para se ir vestir. Virei-me de costas para ela e apesar de estar a fingir que procurava pelo meu telemóvel no meio dos lençóis, a minha mente continuava com a imagem do corpo despido dela. Aquilo era errado; eu... gostava de rapazes e vê-la despida não tinha significado absolutamente nada.

Durante todo o tempo em que estive a vestir o meu pijama, o corpo de Selena esteve virado no sentido contrário ao meu. Se calhar ela era daquelas que nunca tinha partilhado um balneário com mais ninguém. Ou então era mesmo só pudica. Tinha de confessar que ela não tinha tido muita sorte com a companheira de casa, porque eu não tinha qualquer tipo de problemas em fazer o que estava a fazer.
- Pronto, já podes voltar a olhar para este lado.- murmurei, com um ligeiro revirar de olhos.- já estou tapadinha.

- Estava à procura do meu telemóvel. - lá tirei o mesmo do meio dos lençóis e levantei para lho mostrar - Não estava a não olhar para ti. - acrescentei de queixo levantado apesar de estar a mentir - E não me interessa se estás tapada ou não desde que te mantenhas do teu lado. - acrescentei enfiando-me na cama irritada com os pensamentos que continuava a ter.

Não sabia bem o porquê, mas havia algo que não me permitia acreditar nela. Não queria com isto dizer que ela também estava interessada em raparigas - eu não era esse tipo de lésbica que achava que toda a gente pensava como eu -, mas algo me dizia que toda aquela rispidez não era apenas mau humor.
- Não te preocupes, miss simpatia.- elevei as mãos no ar, como se me estivesse a defender.- eu sei bem onde fica a minha cama.- e por falar nela, fui puxando os lençóis para trás, para me poder deitar.- a não ser que precises de companhia durante a noite.- e assim que as palavras me saíram pela boca, eu fiz um enorme esforço por me manter séria.- sempre preferi ruivas.- acabei por soltar uma pequena gargalhada, puxando os lençóis para cima de mim e aconcheguei-me nos mesmos.

Apaguei a luz do meu lado pronta a dormir esperando que essa fosse a forma de parar de visualizar o corpo nu da Charlotte na minha mente mas então ela continuou a falar e felizmente eu já estava às escuras ou ela teria visto a minha reação - Obrigada mas prefiro dormir sozinha. - consegui finalmente falar e foi com o seu último comentário que percebi que ela realmente gostava de raparigas. Outro pensamento que agora não me saía da cabeça - Eu gosto de rapazes. - acrescentei deitando-me de costas para ela. Mesmo depois de ouvir aquelas palavras tantas vezes, quer saíssem da minha boca ou dos meus pais, sabia que não era verdade mas não ia deixar que os meus comportamentos levianos, como a minha mãe tinha chamado, levassem o melhor de mim.

- Como queiras, ruivinha.- foi a última coisa que disse. Não sabia se ela estava a falar a verdade ou não, mas também não me interessava. Se ela queria ser arrogante e nariz empinado, que fosse. Eu também não estava ali para fazer amigos, estava ali para dançar.
Deitei a cabeça na almofada, ajeitando os lençóis em cima de mim, e preparei-me para dormir. Não que tivesse muito sono, mas amanhã era dia de aulas, precisava de descansar.

Demorei o que pareceu uma eternidade para conseguir adormecer mas quando o fiz a noite não foi tão calma e serena como esperava depois da tarde de dança, em vez disso até nos meus sonhos era atolada de imagens de ninguém mais que a Charlotte Cooper. A imagem dela despida continuava a intrometer-se no meu inconsciente mas nos meus sonhos depois de lhe ter virado costas ela tinha caminhado até mim e tinha-me beijado.
Mordisquei o lábio inferior com força sentindo a minha respiração mais entrecordada e esfreguei as coxas tentando acalmar todas as sensações daquele sonho - Sim.. - murmurei quando ela desceu os beijos para o meu pescoço e me foi despido aos poucos - Charlotte... - gemi com um suspiro.

Ainda que tivesse demorado a adormecer, a verdade é que acabei por cair no sono, sono esse que não durou a noite toda, como seria de prever. Contra todas as probabilidades, o meu corpo começou a despertar quando o meu nome se fez ouvir por todo o quarto. Abri os olhos de repente, ainda na dúvida se tinha sido eu própria a sonhar comigo, mas assim que o meu nome voltou a soar, depois de eu já estar bem desperta, percebi que este estava a escapar por entre os lábios da minha colega de quarto. Arregalei os olhos, sentando-me de imediato na cama e acabei depois por me levantar, aproximando-me calmamente da sua cama. O seu corpo estava completamente descoberto e...sensível. Os seus mamilos eretos faziam-se notar debaixo da sua camisola de pijama e as suas pernas abertas davam muito que pensar. Ela estava a sonhar comigo a...?
- Com que então gostas de rapazes.- sussurrei, acompanhando com uma gargalhada, e ainda fiquei a olhá-la durante uns segundos. Tinha de admitir que vê-la naquele estado me deixava bastante excitada. Apesar do seu feitio de merda, ela era um tipo de mulher que me atraía, e bastante. Por isso mesmo, e antes que me arrependesse, despi o meu pijama, entrando com cuidado na sua cama.- eu disse que era o teu dia de sorte, ruivinha.- e dito isto, pousei os meus lábios sobre o seu pescoço, ao mesmo tempo que as minhas mãos começavam a conhecer o seu corpo.

O sonho parecia tornar-se cada vez mais vivido. Mordi o lábio inferior quando a Charlotte dos meus sonhos continuou a beijar-me o pescoço e as suas mãos começaram a explorar o meu corpo, deixando-me cada vez mais excitada - Por favor. - pedinchei chegando-me para mais perto do corpo dela à procura de mais contacto.

Ao contrário daquilo que eu estava à espera, Selena não me atirou da cama abaixo. Ao invés, o seu corpo procurou ainda mais pelo meu, o que me fez sorrir. Continuei a beijar o seu pescoço, ao mesmo tempo que as minhas mãos vagueavam pelo seu corpo e acabei por desapertar todos os botões da sua camisola, ficando com o seu peito completamente descoberto para mim. Mordi a parte de dentro da minha bochecha, ao ver a perfeição do seu corpo, e não hesitei em descer a boca até um dos seus mamilos, ao mesmo tempo que uma das minhas mãos entrava por entre os seus calções, tocando na sua intimidade já bastante húmida.

Soltei um suspiro baixo e entrelacei os dedos no cabelo da Charlotte quando ela desceu os beijos para o peito e com a outra mão tapei a minha boca para tentar conter os gemidos que se tornavam cada vez mais difíceis de controlar principalmente quando os dedos dela desceram e entraram nos meus calções do pijama. Nunca tinha estado com uma rapariga mas aquele era o meu sonho por isso podia fazer o que quisesse. Procurei melhor pelo seu toque e destapei a minha boca, aproveitando essa mão para percorrer o seu corpo despido.

Assim que os meus dedos entraram em contacto com a sua intimidade, tratei logo de a acariciar, não deixando de me concentrar também no seu peito. Passei para o outro mamilo, dedicando-lhe também alguma atenção e comecei a descer os meus lábios pelo seu corpo, espalhando beijos molhados pelo mesmo até chegar à linha dos seus calções. Passei a língua por lá, ainda com a minha mão dentro das suas cuecas, e como nunca fui uma pessoa muito paciente, tratei rapidamente de lhe retirar os calções. Suspirei baixinho, ao senti-la começar a tocar-me, mas não deixei que isso me distraísse, descendo logo de seguida a minha boca até à sua intimidade. Sorri contra a mesma, passando a língua por toda a sua extensão e acariciei-lhe o clitóris, ao mesmo tempo que a penetrava com um dedo. Tinha de confessar que já tinha saudades de todas aquelas sensações.

Voltei a morder o meu lábio inferior com força mas era cada vez mais impossível controlar os gemidos que o toque da Charlotte provocavam. Nunca me tinha sentido assim na minha vida real, nas poucas relações que tinha tido, o que tornava aquele sonho ainda melhor. Suspirei quando ela se afastou de mim impedindo-me de continuar a tocar-lhe mas rapidamente me esqueci disso quando ela me penetrou com um dedo - Charlotte. - gemi alto entrelaçando novamente os dedos no seu cabelo sem querer que ela se afastasse de mim e parasse o que estava a fazer.

Tinha de confessar que já me tinha esquecido de como sabia bem ouvir o meu nome a sair da boca de alguém, principalmente naquelas condições.
Sorri contra a sua intimidade, ao mesmo tempo que acrescentava mais um dedo dentro de si, e continuei a acaricia-la, passando a minha língua por toda a sua extensão. Intensifiquei os movimentos que fazia com a minha mão, sentindo-a ficar cada vez mais molhada para mim e chupei o seu clitóris antes de parar de a masturbar para me poder sentar na cama, entrelaçar as minhas pernas nas suas e, desta forma, conseguir roçar as nossas intimidades.

Nunca tinha tido um sonho tão vivido como aquele mas sinceramente era uma experiência que não me importava nada de repetir. E sendo apenas o meu sonho, não poderia ser castiga pelos meus pais para que me mantivesse no caminho certo.
A Charlotte do meu sonho era perfeita e parecia conhecer o meu corpo melhor do que ninguém, tornando todas aquelas sensações cada vez melhores. Mordi o lábio inferior com força para tentar conter os gemidos mas era cada vez mais difícil fazê-lo. Estava muito perto e quando ela se posicionou de forma a roçar as nossas intimidades, não demorei muito a atingir os orgasmo. Não me importei com o barulho que fazia, afinal era o meu sonho. Mas depois daquele bom momento começaram os pensamentos piores. Os meus pais podiam não ter qualquer mão nos meus sonhos mas a minha mãe arranjava sempre forma de me arrancar qualquer informação e ia ser castigada mais tarde ou mais cedo pelas ações do meu inconsciente. Abri os olhos não só pelos meus novos pensamentos mas também pelas sensações que ainda assolavam o meu corpo.. sensações bastante reais.. e foi quando a vi: a Charlotte na minha cama - Mas que merda?! - gritei agarrando-me ao lençol para tapar o meu corpo despido. Aquilo... não tinha sido um sonho?

Como seria de esperar, não foi preciso muito tempo para que as duas atingíssemos o nosso auge. E quando isso aconteceu, deixei o meu corpo cair sobre o seu durante breve segundos. Sinceramente estava à espera de poder descansar mais, mas quando dei por mim já Selena estava aos berros, e não era de prazer. Fiz uma pequena careta, acabando por me levantar assim que ela se passou da cabeça, mas não consegui calar uma gargalhada assim que a vi tapar-se.
- Depois de tudo o que aconteceu, acho que já passámos a parte em que tens vergonha que eu te veja nua.- encolhi os ombros, não conseguindo evitar uma expressão mais marota.- pelos vistos não gostas assim tanto de rapazes como dizias, Lodge.