Apartamento

Sorri.
- Tive uns bons exemplos. - concordei e deitei a cabeça no seu colo, sem sequer pedir qualquer permissão. - É por isso que eu sou uma excelente pessoa. - brinquei.

- Sem dúvida. - falei sorrindo e fui apanhado de surpresa quando ela pousou a cabeça no meu colo mas rapidamente dei por mim a fazer-lhe festas no cabelo - Houve uma altura que pedia para ter uns pais como os teus mas acabei por desistir. - encolhi os ombros - Eu, a Kim e o Tommy somos família suficiente e a família que eu quero.

Arregalei os olhos quando ele concordou comigo.
- Admitiste que sou excelente pessoa? - brinquei com ele, fechando os olhos por momentos quando me começou a mexer no cabelo.
Ouvi-o com atenção, sem me mexer, e acabei por assentir levemente.
- Não precisa de ser um pai e uma mãe para ser uma família. - murmurei. - E, mesmo que não tenhas os teus contigo, fizeste um bom trabalho. O que importa é que ames as pessoas pelo que elas são e estejas lá para elas. Independentemente se são apenas os teus irmãos e sobrinhos. - sorri para ele e dei-lhe um beijinho no braço de forma carinhosa. - Acho que te estou a elogiar demais. - brinquei.

Ouvi-a em silêncio e assenti com a cabeça - Tens razão e eu sei isso mas confesso que.. ver-te com os teus pais e a forma como eles são contigo.. nunca tive aquilo. - encolhi os ombros - E pode ser diferente e ligeiramente disfuncional mas quero exatamente isso para o Tommy. - acabei por sorrir - Tu adoras elogiar-me porque é a realidade.

Olhei para ele.
- Eu tive sorte. Sei que não era aquilo que eu teria. - abanei a cabeça. - Eu sei quem são os meus progenitores e, acredita em mim, eu não estaria aqui neste momento, se os meus pais não me tivessem adotado.
Sorri-lhe.
- Tenho a certeza que o Tommy sabe que é muito amado, tanto pela mãe, como pelo tio. É isso que importa.
Abanei a cabeça e ri-me.
- Não, não e não. Eu odeio-te. - brinquei com ele.

- Oh por favor, Daisy. - encolhi os ombros tentando esconder o meu ar divertido - Vou fingir que acredito nas tuas mentiras. - disse ainda a tentar não rir.

Semicerrei os olhos na sua direção e levantei-me ligeiramente, batendo-lhe com a mesma testa na sua, sem qualquer força.
- Isto é o quanto de odeio. - brinquei com ele, repetindo o gesto. - Quanto menor a força, maior o ódio. - ri-me.

Abanei a cabeça ainda a sorrir - És péssima. - disse rindo - Amanhã vais trabalhar? - perguntei olhando para as horas, eu ia e com a Cin meio desaparecida da oficina o meu trabalho era o dobro.

Ri-me também e abanei a cabeça.
- É por isso que gostas tanto de mim. - brinquei.
Voltei a deitar a cabeça no seu colo e tentei encolher os ombros levemente.
- Sim, mas só vou fazer o turno da manhã. Por volta das duas e pouco, saio. - informei, depois de pensar sobre o assunto.

- Obviamente. - brinquei - Também eu. Mas ainda não sei a que horas consigo despachar-me, a Cinder anda meio desaparecida da oficina então é a minha vez de trabalhar. - disse sorrindo - Mas tens os teus pais por aqui. De qualquer das formas, se o idiota aparecer liga-me, está bem?

Assenti.
- Trabalha, seu preguiçoso. - brinquei com ele, rindo-me.
Olhei para ele e mordi o interior da bochecha, voltando a assentir quando me pediu que lhe ligasse no caso de Joe aparecer.
- Apesar de tudo, acho que tive muita sorte. - comentei baixinho enquanto o olhava, depois de me sentar ao seu lado.

Bufei com um revirar de olhos - alguém tem de trabalhar! Não podemos ser todos preguiçosos como tu. - brinquei. Endireitei-me quando ela se levantou e olhei-a - o que queres dizer?

Abri a boca, indignada.
- Eu estive a trabalhar, seu mal agradecido. - brinquei com ele, acabando por me rir.
Encolhi os ombros levemente.
- Tenho os meus pais aqui para matar saudades deles. - disse baixinho. - E conheci-te. O que nem foi mau de todo. - sorri levemente.

Abanei a cabeça com um ar sério - Estiveste mais tempo a admirar-me do que a trabalhar. - disse-lhe tentando não sorrir para manter a expressão séria - Tens razão. Conhecer-me melhora a vida de qualquer um. - brinquei com um meio sorriso nos lábios.

Revirei os olhos.
- Quando é que vais deixar de ser tão convencido? - perguntei, fingindo-me indignada, enquanto lhe dava um pequeno murro no braço.
Abanei a cabeça.
- És impossível. - resmunguei, levantando-me do chão. - Nunca mais vou ser simpática contigo. - continuei no mesmo tom, afastando-me dele.

- Como se isso fosse possível. - provoquei-a com um meio sorriso enquanto me levantava do chão e olhava novamente para as horas - Já é tarde, é melhor ir dormir ou amanhã não vou trabalhar e a culpa vai ser tua.

Revirei os olhos e alcancei uma almofada do meu sofá, mandando-a contra Wade.
- Claro que a culpa será minha. Eu estou a manter-te em cativeiro. Até te amarrei e tudo. - ironizei, abanando a cabeça, enquanto tentava não sorrir. - Estou a pensar seriamente em deixar de falar contigo. - semicerrei os olhos.

Levei a mão ao peito com um ar dramático enquanto a olhava - Como se conseguisses fazê-lo. - provoquei-a com um meio sorriso e acabei mesmo por bocejar - Bem, isto mostra que já está mesmo na minha hora. - beijei-lhe o topo da cabeça antes de me afastar - Até amanhã Dai.

Abanei a cabeça e acabei por bocejar por impulso, depois de Wade o ter feito.
- Até amanhã, convencido. - sorri levemente e fechei os olhos quando me deu um beijo no topo da cabeça. Desviei-me depois para lhe beijar a bochecha. - Sonha comigo. - provoquei, divertida, levando as minhas mãos para as suas bochechas e apertando as mesmas.

Levei as mãos ao peito enquanto a olhava - Como não podia deixar de ser. - disse-lhe com um suspiro dramático antes de sorrir e me afastar - Até amanhã. - despedi-me antes de ir para minha casa e descansar para o dia seguinte.

Sorri, divertida.
- Terás que me contar o sonho! - ri-me.
Afastei-me dele e abri a porta do meu apartamento.
- Até amanhã. - despedi-me, observando-o a sair e ir para a sua casa.
Acenei uma última vez e fechei a porta, trancando-a. Soltei um pequeno suspiro e acabei por ir para o meu quarto, onde, depois de me arranjar, acabei por adormecer.
Escusado seria dizer que fui eu quem acabou por sonhar com Wade.

Saí do trabalho um par de horas depois, e caminhei calmamente pelas ruas, completamente distraída a pensar no que é que tinha acontecido com Wade. Queria ir ter com ele e pedir desculpa, fosse pelo que fosse, mas ele tinha dito estar cansado, então eu não queria incomodá-lo.
- Daisy! - ouvi uma voz masculina chamar-me, alto e bom som, e paralisei por momentos, reconhecendo aquele tom. Olhei na direção da qual tinha vindo e engoli em seco, vendo Joe no outro lado da rua, pronto para atravessar, mas sendo interrompido por um autocarro.
- Porra! - murmurei, finalmente consigo controlar o meu próprio corpo. Sabendo que aquilo poderia acabar mal, principalmente porque estava a escurecer, senti-me assustada e comecei a correr, agradecendo a todos os deuses que fizeram aquele autocarro parar ali.
Não parei de correr, mesmo quando o autocarro passou por mim. Perdi breves segundos a olhar para trás, conseguindo um vislumbre de Joe a vir na minha direção.
- Não, não, não. - murmurei para mim mesma, tentando correr ainda mais rápido. Estava a meia dúzia de passos da entrada do meu prédio, nem isso, quando Joe me agarrou o pulso. - Larga-me agora. - murmurei, sendo obrigada a parar e a encará-lo. Ele não me largou e ainda se riu. - Larga-me, Joe! - gritei, esperando que alguém achasse estranho gritos numa rua silenciosa.
- Já pensavas que eu tinha ido de vez, não pensavas? - Joe ignorou os meus gritos e levou uma mão à minha boca, empurrando-me com força contra a parede. - Quem é que tu pensas que és? Não passas de uma menina inocente que acredita em qualquer rapaz que te pisque os olhos. - riu-se ironicamente e abanou a cabeça. - Pensas que eu não te tenho visto, com aquele teu amiguinho? - empurrou-me para a parede com mais força e eu soltei um gemido de dor, tentando conter as minhas lágrimas. - Achas mesmo que ele é a tua salvação? - voltou a rir-se. - Sabes para quê que alguém te vai querer? Para o mesmo que eu quis. - disse com desdém.
Debati-me contra ele, ignorando a dor sempre que ele me empurrava de volta contra a parede do prédio. Olhei rapidamente em volta, sentindo logo a sua mão apertar-me o queixo com força e obrigar-me a olhar para ele.
- O que é que tu queres? - reuni forças para dizer, tentando manter-me calma, mesmo com as lágrimas e a dor.
Uma das suas mãos desceu para uma das minhas e eu estremeci, levantando-a num impulso e batendo contra a janela que estava junto à minha cabeça.
- Oh, Daisy, Daisy... - Joe riu-se e abanou a cabeça.
Fechei os olhos, sem saber o que fazer. A rua estava vazia, as luzes ainda fracas, e a voz e o toque de Joe estavam a deixar-me enjoada.
Foi no momento em que ele me deu um beijo na bochecha, que senti o seu corpo ser afastado do meu com brusquidão, e logo alguém me agarrava no abraço apertado. Reconheci o perfume de Harry assim que ele me envolveu com os seus braços, permitindo-me chorar compulsivamente e tremer, assustada de tudo aquilo. Harry também tremia, observando Louis a pedir ao segurança que não soltasse Joe.
- Está tudo bem, está tudo bem. - Harry murmurou, embalando-me nos seus braços.
Abri os olhos finalmente, vendo que Louis desligava o telemóvel e me vinha abraçar também, beijando a minha testa e limpando as minhas lágrimas.
- Estamos aqui. - murmurou, com a sua voz doce, mesmo que eu conseguisse perceber o quanto ele se estava a controlar para não bater em Joe.

Estava a dormir mas infelizmente o meu sono era muito leve pelo que acordei com alguma confusão que se ouvia do lado de fora do prédio. Fiz uma careta e levantei-me da cama quando percebi que já não ia conseguir dormir mais e foi quando me dirigi à janela que percebi a confusão que me tinha acordado. Vesti-me à pressa e saí do apartamento para a rua onde estava a grande confusão e o parvalhão do ex namorado da Daisy - Hey. - chamei aproximando-me dela mas sem a tocar, não a queria deixar pior e ela estava nos braços do pai - Estás bem? - perguntei preocupado à procura de algum ferimento enquanto me tentava acalmar para não partir o focinho àquele gajo.

Assustei-me quando ouvi a porta do prédio bater, o que fez com que Harry só me abraçasse com mais força.
Logo a voz de Wade se fez ouvir e eu olhei para ele por breves momentos, sem saber o que lhe responder. Estava bem? Não. Mas as coisas poderiam ter sido bem piores se os meus pais não tivessem aparecido.
- E o príncipe encantado voltou. - a voz de Joe fez-se ouvir, irónica. - Não te esqueças do que eu te disse, Daisy. Nós, rapazes, somos todos iguais. - riu-se, mesmo quando Harry me largou e caminhou na sua direção, revelando o quão chateado se encontrava. Logo era Louis quem me abraçava.
- Não lhe dirijas a palavra. - Harry disse entre dentes, abrindo e fechando as suas mãos, junto ao corpo. - E, felizmente, não são todos como tu. Mas terás parte do que mereces. - abanou a cabeça e respirou fundo.
Virou-se para o segurança, que assentiu levemente para ele, sem largar Joe. Na verdade, apertou-o com mais força.
- Podes levá-la para dentro? - Louis virou-se para Wade. - Queremos certificar-nos que ele vai para onde deve ir. - justificou.

Ignorei o atrasado mental mas tive de respirar fundo primeiro para o conseguir fazer. Olhei novamente para a Daisy mas não disse nada, levantando o olhar para o Louis quando me pediu para levá-lo para dentro - Claro que sim. - respondi - Já chamaram a polícia? - perguntei agarrando no parvalhão e mantendo-o bem preso.