Sydney Harbour National Park

Ri-me do seu ar e encolhi os ombros, despreocupado.
- Foi doloroso, mas acabei por ultrapassar a situação, admito. - brinquei, fingindo-me muito sério. - E ela foi muito feliz sem mim. Namorou com um amigo durante dois dias logo depois. O seu relacionamento comigo ensinou-a a fazer durar um pouco mais. - assenti, convencido.
Revirei os olhos perante as suas comparações entre mim e o meu irmão.
- Nem vou rebater. Sabes bem o quanto te estás a contradizer. - ri-me e aceitei o seu caderno quando mo estendeu. - E vai ser agora que vou descobrir incontáveis desenhos da minha pessoa. - brinquei, abrindo o mesmo e percorrendo os olhos pelos diferentes registos gráficos que ela foi fazendo ao longo do tempo.

Ao ouvir o seu relato, a minha gargalhada saiu mais alta do que seria de esperar. Mas não me importei muito com isso.
- Sem dúvida que és uma fonte de ensinamentos, Walker.- gargalhei.- namorar contigo é a cura para todos os males deste mundo, já percebi.- brinquei.
Semicerrei os olhos ao ver o seu revirar e dirigi-lhe um sorriso traquina, encolhendo os ombros ao ouvir as suas palavras.
- Claramente que não rebates porque sabes que eu tenho razão.- piquei-o, mas tive de deixar o assunto por ali, ao ouvir o que disse sobre os meus desenhos. Arregalei os olhos, mordendo a parte de dentro da minha bochecha com força.- por acaso vais encontrar um.- confessei, com um encolher de ombros.- ainda não está acabado, mas comecei-o hoje de manhã.- e não precisava de olhar para mim para saber que tinha as bochechas da cor de um tomate.- mas não precisas de ficar convencido.- ripostei logo de seguida.- não é assim nada de especial.- e a verdade é que nem sabia explicar o porquê de o ter feito. Grande parte dos desenhos que tinha eram paisagens ou rostos que me surgiam na cabeça. E hoje de manhã Noah tinha sido um deles.

Olhei-a e sorri de forma convencida.
- Eu sou uma fonte de aprendizagens ambulante. - concordei num tom brincalhão.
Recostei-me no sofá, continuando a folhear os seus desenhos. Eram incríveis, não era de admirar que ela tivesse vendido todos na exibição que fizera. Voltei a revirar os olhos quando disse que tinha razão e depois arregalei ligeiramente os mesmos, acabando por me rir, quando a ouvi dizer que, por acaso, até iria encontrar um desenho inacabado meu.
- Andaste a sonhar comigo, Kaylee Oswald? - provoquei-a, dando-lhe um pequeno encontro com a minha perna contra a sua, enquanto a olhava. Continuei a folhear até chegar ao dito desenho. - Andaste mesmo a sonhar comigo. - continuei no mesmo tom, analisando os traços inacabados.

- Também és muito modesto, não sei se já te tinham dito.- ironizei, face ao seu ar convencido. E escusado será dizer que assim que Noah percebeu que eu estava mesmo a falar a sério em relação ao seu desenho, tudo aquilo que eu não queria que acontecesse, aconteceu.- eu não sonhei contigo, Walker, isso querias tu.- resmunguei, retribuindo o encontro na sua perna também.- aliás, eu nem sei porque é que estás no meu caderno, mas olha, aconteceu.- encolhi os ombros, fazendo um gesto sem sentido com a mão.- eu não costumo comandar muito os meus desenhos.- expliquei.- e hoje estive a pensar no teu bilhete de manhã, deve ter sido por isso.- acrescentei.- mas agora para com isso.- semicerrei-lhe os olhos.- não me faças tirar-te o caderno das mãos.

Pisquei-lhe o olho, continuando com um sorriso desenhado nos lábios.
- Faz tudo parte do charme. - disse num tom brincalhão.
Observei as suas reações e premi os lábios um contra o outro, tentando não me rir enquanto a via a tentar justificar o desenho inacabado que eu tinha em mãos.
- Claro. Tens sempre alguma desculpa. - provoquei-a, acabando por me rir. - Acho que é melhor para ti admitires que já estás completamente encantada, Oswald. Acho que te iria ajudar a encarar melhor a vida. - continuei no mesmo tom, abanando a cabeça quando ouvi a sua ameaça sobre tirar-me o caderno da mão. - Kaylee, Kaylee... - estalei a língua contra o céu da boca, sem nunca deixar de sorrir em jeito de provocação.

Não era preciso conhecer Noah muito bem para saber que as provocações iam continuar. Era assim que funcionávamos, eu já devia estar à espera.
- Eu sei que gostavas que isso acontecesse.- encolhi os ombros, decidida a entrar naquele joguinho.- mas pelos vistos, és tu quem está no dia das confissões.- pisquei-lhe o olho, referindo-me ao facto de ter admitido que estava interessado em mim. Semicerrei-lhe os olhos, descendo o meu olhar até à sua boca, ao mesmo tempo que ouvia os seus barulhinhos, mas rapidamente abanei a cabeça, deixando um dos meus braços cair sobre a mesa.- dá-me o caderno, Walker.- resmunguei.- já chega de achares que és a última bolacha do pacote.

Arqueei as sobrancelhas ao ouvir as suas palavras, fingindo-me admirado com as mesmas.
- Não sou eu que ando a desenhar as pessoas logo de manhã. Isso é acordar logo a pensar na pessoa, hm? - continuei no mesmo tom e ri-me.
Fechei o caderno lentamente, provocando-a enquanto o seu braço estava estendido na minha direção.
- Já vais tarde demais, Oswald. Já sei os teus segredos e desejos. - pisquei-lhe o olho e pousei-o na sua mão. - Não tardará muito a que o resto das páginas estejam preenchidas com os meus magníficos traços. - apontei para a minha cara.
Gostava de criar momentos de picardia com ela, de modo a ver até onde é que ela chegava. Eu não era assim tão convencido - bem, talvez um bocado -, mas ela era sempre capaz de me dar mais conteúdo para eu continuar com aquele ar de convencido.

- Não tenho culpa de acordar com bilhetinhos de determinadas pessoas a pedirem o meu número de uma forma indireta.- encolhi os ombros, apesar de o estar a tentar provocar. Era óbvio que o interesse era mútuo, eu própria já lho tinha admitido. Mas também era óbvio que não o ia repetir. Levantei as sobrancelhas de uma forma dramática, assim que ouvi o seu "já sei os teus segredos e desejos" e aí sim, soltei uma gargalhada.- isto está a subir-te demasiado à cabeça, Walker.- abanei a cabeça, em jeito de reprovação.- precisas de te acalmar.- agarrei no meu caderno, assim que mo devolveu e guardei-o no mala, semicerrando-lhe os olhos de seguida.- e para te desenhar mais vezes seria preciso que estivesse mais vezes contigo.- imitei o seu sorrisinho.- já percebi que queres que isso aconteça.- pisquei-lhe o olho.- só não sei se vais ter essa sorte.

Abanei a cabeça.
- Fui eu quem foi beijado no meio da rua quando estava podre de bêbado, o que me levou a fazer isso. Se não tinha esperado. - ripostei, provocador.
Observei-a e ri-me com as suas palavras, abanando a cabeça.
- Quem se está a fazer à pista neste momento és tu, a dizer que só desenhavas mais se estivesse comigo... - voltei a estalar a língua contra o seu da boca, com um sorrisinho nos lábios. - Não sei quem é que estás a tentar enganar. - ri-me.

- Tinhas esperado para te declarar? - fingi um ar curioso enquanto o olhava.- muito me contas, Walker.- desviei o olhar do seu assim que o empregado se voltou a aproximar, perguntando se queríamos sobremesa e escusado será dizer que o meu ar guloso voltou rapidamente.- para mim pode ser uma mousse de chocolate.- pedi, ao mesmo tempo que mexia as sobrancelhas - gesto do qual o empregado se riu. Esperei que Noah fizesse, ou não, o seu pedido e só depois me voltei a concentrar na conversa.- eu só estava a tentar explicar-te que como não quero voltar a estar contigo, não te vou voltar a desenhar.- menti, ao mesmo tempo que fazia uns gestos abstratos com as mãos, mas logo revirei os olhos.- és muito irritante, Noah Walker, espero que já te tenham dito.

Arqueei o sobrolho.
- Não. Teria esperado para te deixar claro a minha notória falta de interesse em comunicar contigo. - brinquei com ela.
O empregado voltou a aproximar-se da mesa, questionando-nos acerca da sobremesa. Kaylee logo ostentou um ar guloso que me fez rir, enquanto pedia uma mousse de chocolate.
- Eu não quero nada, obrigado. - disse para o empregado quando ele se virou para mim.
Logo depois o rapaz afastou-se da mesa, voltando a deixar-nos sozinhos.
- É óbvio que não queres voltar a estar comigo. - provoquei. - Não sei como é que achas que és boa a mentir. - continuei no mesmo tom, divertido.

Levantei ambas as sobrancelhas, assim que ouvi a sua tentativa de me provocar, mas rapidamente abanei a cabeça.
- Nem tu acreditas nisso, Noah.- gargalhei, fazendo um ar desiludido quando o ouvi dizer que não queria sobremesa, mas a minha rapidamente chegou.- lembra-te de que não pediste sobremesa.- relembrei, apontando a colher na sua direção.- por isso, nem penses em roubar da minha.- semicerrei-lhe os olhos, apesar de ele não ter dito nada. Levei um bocado de mousse à boca, deixando-me deliciar com aquela maravilha, mas logo tive de abrir os olhos.- é que não quero mesmo nada.- gozei, enquanto abanava a cabeça de uma forma bastante convicta, mas logo lhe atirei com um guardanapo para cima.- tu achas mesmo que és a última bolacha do pacotinho, não achas?

Abanei a cabeça e ri-me, acabando por nem lhe dizer nada, porque aquela provocação era capaz de ser interminável.
A sua sobremesa rapidamente chegou e eu arqueei uma sobrancelha ao ouvi-la falar da mesma.
- Não te preocupes. A mousse é toda tua. - encolhi os ombros despreocupadamente.
Observei as suas reações por uns momentos, mas depois acabei por desviar o olhar lá para fora, vendo os carros a passarem, até ouvir a sua voz novamente.
- Bem, há alturas em que as pessoas lutam pela última bolacha. - fiz uma careta.

Dei uns pequenos saltinhos na cadeira, depois de o ouvir dizer que a mousse era toda minha, e entretive-me a comê-la enquanto ele ia falando. Eu não era, de todo, o tipo de rapariga que vivia obcecada com o corpo. Óbvio que tinha cuidado, mas não me privava de comer o que quer que fosse. Levantei o olhar da taça assim que terminei de comer e voltei a recostar-me na cadeira.
- Se estás à espera que ande à pancada por tua causa, podes tirar o cavalinho da chuva, Walker.- brinquei, tocando-lhe na perna debaixo da mesa e debrucei-me sobre a mesa.- já estou mais do que de barriguinha cheia.- sorri.- quando quiseres podemos ir.

Ri-me com a sua felicidade por não ter que partilhar a mousse e acabei por a deixar comer sossegada, sem puxar muito a conversa, notando que ela estava a saborear a sobremesa.
- Oh, que pena. Pensei mesmo que ia ver uma luta. - brinquei com ela e prendi a sua perna no meio das minhas quando a senti tocar-me. Olhei rapidamente para as horas no meu telemóvel e encolhi os ombros. - Vou pedir a conta. - anunciei, ainda com a sua perna presa entre as minhas, e chamei o empregado. Poucos minutos depois, a conta estava na mesa e eu acabei por pegar na mesma, limitando-me a pagar. - Vais para algum sítio específico? Posso deixar-te lá. - disse-lhe.

Semicerrei-lhe os olhos ao sentir a minha perna presa pela sua, mas não me debati, deixando-me ficar assim enquanto o via pedir a conta.
- É esse o teu fetiche? - brinquei.- ver raparigas a lutar por ti? - inclinei a cabeça ligeiramente, como se estivesse a pensar.- és um bocado estranho, Walker.- piquei-o, sentindo o calor da sua perna na minha e quando dei por isso, já ele estava a pagar a conta.- Noah.- resmunguei com um revirar de olhos.- nem penses, eu quero pagar a minha parte.- ripostei, esticando a mão sobre a mesa, numa tentativa de que ele me deixasse pagar. Mas claramente foi em vão.- para a próxima pago eu.- semicerrei-lhe os olhos, mas rapidamente dei por mim a formar um pequeno "o" com os lábios, ao ouvi-lo perguntar se queria que me deixasse em algum lado.- ah, eu pensava que...- murmurei, mas rapidamente abanei a cabeça, começando calmamente a levantar-me.- eu vou para casa.- encolhi os ombros.- não precisas de me levar, eu posso ir sozinha.

Arqueei o sobrolho.
- Nem por isso. - admiti, rindo-me. - Era uma expressão. Não é preciso levá-la tão literalmente.
Neguei as suas insistências em pagar e ia provocá-la por causa de ela afirmar que, da próxima vez, pagava ela, mas depois dei-me conta da sua reação perante a minha pergunta.
- Kaylee... - abanei a cabeça e levantei-me também, agarrando o seu pulso com cuidado. - Eu tenho um... hm... - fiz uma pequena pausa, mas logo acabei por falar. - A minha irmã anda no ballet para bebés e hoje há um espetáculo. O Liam anda adoentado e o meu pai está a trabalhar, então... Eu e o Ethan é que vamos. - expliquei calmamente. - Podes vir connosco, se quiseres. Mas não posso dizer que vá ser entusiasmante. - admiti.

Eu nem sabia porque é que tinha achado que íamos continuar juntos depois de comer. Estás a colocar a carroça à frente dos bois, Kaylee. Mordi a parte de dentro da minha bochecha com força enquanto me levantava, mas não demorou até que sentisse uma mão no meu pulso, fazendo-me levantar o olhar. Juntei ligeiramente as sobrancelhas, abrindo a boca para lhe dizer que não precisava de se justificar, mas Noah continuou a falar.
- E ainda dizes tu que não queres estar comigo.- brinquei, sorrindo-lhe logo de seguida.- mas sim, gostava muito de ir. - assenti.- parece-me uma excelente e adorável forma de passar a tarde.

Revirei os olhos ao ouvir a sua primeira frase, mas acabei por lhe sorrir.
- Como forma de provar que não me acho a última bolacha do pacote, escolho não te responder e deixar, possivelmente, com vergonha. - anunciei, encolhendo os ombros de forma descontraída. Assenti quando ela disse que gostaria de ir. - Não é... já. - acabei por dizer. - Eu preciso de ir a casa. Quer dizer, à casa dos meus pais. A Charlie está lá. E ainda devo ficar lá por uns bons minutos. - olhei-a e larguei o seu pulso ao ver que ainda o tinha na minha mão. - Mas o centro não é para estes lados, então tens mesmo de vir comigo, para não nos atrasarmos. Não tem problema? - questionei, enquanto saímos do restaurante e começavamos a caminhar em direção a minha casa, onde eu tinha o carro.

Encolhi os ombros com um sorrisinho e apesar de ter ficado curiosa com aquele seu "deixar com vergonha", decidi não mandar mais nenhuma boca. Não sabia porquê, mas algo me dizia que, se continuássemos sempre a picar-nos, nenhum de nós ia parar. Baixei o olhar para o meu pulso, assim que o senti largar-me e endireitei-me logo de seguida, começando a segui-lo para a saída do restaurante.
- Não precisas de justificar tanto.- gargalhei, ao ver o seu esforço em explicar-me o porquê de ter de ir com ele para sua casa.- eu não tenho medo de ir contigo para tua casa, não é como se me fosses violar ou algo do género.- semicerrei-lhe os olhos, apesar de estar com um sorriso e comecei a andar ao seu lado.- sempre é uma desculpa para me mostrares o resto dos teus desenhos.

Olhei para ela e encolhi os ombros.
- É só que a minha mãe está lá e podias achar estranho ou não querer conhecê-la, fosse lá porque razão. - expliquei, fazendo uma pequena careta. - A única solução seria esperares o carro. - ri-me. - Sim, podes ficar a procurá-los pela casa. - concordei. - Assim passas melhor o tempo que eu me vir obrigado a ficar. 
Minutos depois, chegamos a minha casa e eu conduzi-nos diretamente para a garagem, uma vez que tinha as chaves comigo. Entramos para dentro do carro e comecei a conduzir em direção a casa dos meus pais, que ficava a cerca de meia hora de onde eu morava. A viagem acabou por passar rapidamente, uma vez que fomos a ouvir música e a falar de vários assuntos aleatórios, com algumas picardias pelo meio.

Arregalei ligeiramente os olhos assim que o ouvi falar na mãe, mas esforcei-me por parecer normal.
- Eu não me importo de conhecer a tua mãe.- acabei por dizer.- tu é que podes não me querer apresentar.- fiz uma pequena careta, parecida à sua, juntamente com um encolher de ombros.- se quiseres eu fico no carro. - continuei a segui-lo até à sua casa, visto que era lá que estava o seu carro e apressei-me a entrar no mesmo assim que lá chegámos. A viagem demorou menos tempo do que aquele que eu estava à espera, mas tendo em conta que com Noah o assunto nunca esgotava, já não era de estranhar.

Olhei para ela e ri-me.
- Eu não me importo que ninguém conheça a minha mãe. Ela não vai atacar ninguém. - brinquei com ela, apesar de saber onde é que ela queria chegar. A verdade é que nunca tivera problemas em apresentar ninguém, e nem sequer me estava a mencionar a relacionamentos amorosos.
Quando finalmente chegamos a casa dos meus pais, toquei à campainha e vi os portões a abrirem. Percorri o curto caminho de gravilha e estacionei o carro, mesmo a tempo de ver a minha mãe a vir abrir a porta da entrada.
- Vamos lá. - ri-me, ao ver que ela me acenava, animada, apesar do seu ar notoriamente cansado. Era um trabalhão quando estava sozinha com os gémeos, principalmente se um deles estivesse doente. - Desculpa se ela parecer um bocado aérea. Ficar com os gémeos consegue ser... complicado. - disse num tom brincalhão, saindo do carro. - Olá mãe. - cumprimentei, aproximando-me dela, sabendo que Kaylee estava atrás de mim. Procedi a apresentá-las logo depois de sentir os braços da minha mãe ao redor do meu pescoço e ouvi-la exclamar, num tom dramático, que precisava de a salvar.
Ouvi os gritos aborrecidos de Charlie a vir da sala de estar e entrei em casa, ouvindo a minha mãe a explicar que Liam estava doente e que tinha de ir vê-lo, já que deveria estar prestes a começar a chorar por estar sozinho há uns minutos.
- Está à vontade. - disse para Kaylee, depois de ficarmos sozinhos. Conduzi-a até à sala, onde estava Charlie. - Eu preciso de tratar desta traquina. Podes andar por aí à procura da minha arte. - ri-me e aproximei-me de Charlie, que finalmente notou a minha presença e correu na minha direção, rodeando as minhas pernas com os seus braços.
- Oah? - questionou com um sorrisinho, para confirmar qual dos gémeos era.
- Exato, pestinha. - baixei-me para pegar nela. - Preciso de subir para ir buscar a roupa dela. Cinco minutos. - disse para Kaylee, ausentando-me da sala. Fui buscar a roupa e o que ia precisar e voltei a descer. Certifiquei-me que Kaylee estava à vontade, dizendo-lhe as diferentes divisões da casa, e acabei por ir dar um banho rápido a Charlie para lhe vestir a roupa de ballet.

- Eu não disse que ela me ia atacar.- ripostei.- tu percebeste onde quis chegar.- encolhi os ombros. O caminho até à casa dos seus pais demorou pouco mais de 10 minutos. E a partir daí, tudo se desenrolou de uma forma demasiado rápida para eu conseguir dizer o que quer que fosse. Mesmo antes de sairmos do carro a sua mãe já se encontrava à porta. E não precisava de a conhecer há muito para reparar no seu ar cansado. Tomar conta de dois bebés não devia ser nada fácil. Apressei-me a apresentar-me, depois de sairmos do carro, e segui com Noah para dentro de casa. A casa dos seus pais era gigante. Parecida à dos meus, mas acho que já nem me lembrava de como era estar dentro de uma casa daquele tamanho. Assenti assim que o ouvi dizer-me que podia estar à vontade e permiti-me entrar na sua sala, observando aquele espaço de uma forma meticulosa. Estava tudo decorado até ao mais ínfimo pormenor. Desde mobílias bastante modernas a pequenos detalhes, fazia lembrar-me um bocadinho de casa. E para além de vários quadros assinados por Noah, havia pequenas decorações mais...peculiares. Passei os dedos por uma pequena bandeira LGBT que havia pendurada na cómoda e senti montes de questões surgirem na minha cabeça. Era Ethan? Os seus pais...não, isso não fazia sentido. Mordi a parte de dentro da bochecha com força, de modo a calar os meus pensamentos e numa tentativa de os calar realmente, fui sentar-me no sofá à espera de Noah.

Ri-me das suas palavras e encolhi os ombros de forma despreocupada.
Foi uma questão de minutos até Charlie estar pronta com a sua roupa para o espetáculo e eu amarrar o seu cabelo da forma que dava. Depois, a minha mãe desceu por breves minutos para dar algo de comer a Charlie.
- Já viste tudo? - perguntei a Kaylee, sentando-me ao seu lado no sofá.