Casa

Semicerrei os olhos ainda mais quando ele ignorou o facto de eu estar zangada com ele.
- Eu não vou a lado nenhum, Wade. - disse em voz alta enquanto ele andava de um lado para o outro no apartamento, a fazer-se sabe-se lá o quê. Eu não me conseguia concentrar o suficiente para decifrar os seus atos. - Estou chateada contigo. Chamaste-me drogada! - resmunguei.
Deixei-me cair no sofá quando se fez algum silêncio, mas logo ele estava na sala novamente, a ajudar-me a levantar.
- Não. - resmunguei.

- Não te chamei drogada. - revirei os olhos - Só fiz uma pergunta. - semicerrei os olhos na sua direção quando ela disse que não ia para lado nenhum e insistiu nessa ideia - Falas como se eu te estivesse a dar uma opção. Não estou. Vieste bater-me à porta e não te vou deixar ficar aqui neste estado. - antes que ela tivesse tempo de fazer ou dizer alguma coisa, agarrei nela ao colo - E vamos ao hospital ver o que se passa e ver se ficas melhor.

- Uma pergunta que... que... que... - abanei a cabeça e bufei. - Quer dizer a mesma coisa. A tua pergunta. - revirei os olhos.
Cruzei os braços ao peito e semicerrei os olhos, tentando parecer ameaçadora, o que não parece ter corrido bem, porque o mundo girava e eu mal conseguia controlar o meu corpo para se manter direito na mesma posição.
- Eu posso escolher. Sou adulta. - revirei os olhos novamente, soltando um grito agudo quando ele me apanhou de surpresa, pegando-me ao colo. - Que porra, Wade! - disse alto.

- E escolheste vir bater-me à porta por isso agora tens de lidar com as consequências. - acrescentei procurando pelas chaves de casa para trancarmos a porta depois de sairmos. Ela não pesava nada por isso não foi nada difícil levá-la até ao meu carro e sentá-la no mesmo. Coloquei-lhe o cinto de segurança e dei rapidamente a volta para entrar e arrancar para o hospital.

Revirei os olhos.
- Eu só te fui mostrar o William. - resmunguei, bufando quando ele finalmente abandonou o edifício dos nossos apartamentos e me levou para o seu carro.
Cruzei os braços, sem colocar o cinto, e olhei para a frente.
- Estou chateada. - declarei com uma expressão que esperei que fosse séria e convincente.
Ao ver que ele arrancou na mesma, acabei por colocar o cinto com alguma dificuldade, mantendo-me amuada enquanto ele conduzia e eu via o mundo continuar a rodar.

Estava no meu dia de folga e com a Kim a trabalhar no diner e o Tommy no jardim de infância não havia nada para fazer a não ser estar estendido no sofá a passar os canais de televisão. Levantei-me calmamente quando ouvi a campainha e encostei-me à ombreira da porta com um sorriso - Eu não digo que tu morres de saudades minhas?

Aguardei pacientemente que alguém me abrisse a porta, focando o meu olhar, distraidamente, nas malas ainda intocadas, que estavam na entrada do prédio.
- Oh, oi. - sorri para Wade quando ele finalmente apareceu e revirei os olhos com as suas palavras. - Bom dia para ti também. Na verdade, só vim avisar que o teu amigo já apareceu aqui e já está tudo tratado. - expliquei calmamente, evitando reparar na forma como o seu tronco se encontrava despido, mostrando os seus abdominais e a pele morena.
Controla-te, Daisy. Foca-te., pensei, mantendo-me o mais normal possível, não olhando para o seu corpo.

Continuei a sorrir e encolhi os ombros ao ouvi-la - Vamos ser sinceros Daisy. - provoquei com um meio sorriso nos lábios - Ele disse-me que já resolveu o teu problema. O traste do teu ex-namorado não voltou a chatear-te? - perguntei preocupado que ele tivesse aparecido por ali ou tivesse tentando falar com ela entretanto.

Revirei os olhos.
- Estou a ser sincera, Wade. - ri-me e abanei a cabeça, apontando para trás de mim, na direção da porta de entrada para o prédio. - Continua tudo ali. Talvez mande mensagem entretanto, com alguma desculpa. - suspirei. - Tanto faz. Já não é meu problema. - esperava eu. Sabia que não seria assim tão fácil.

Assenti com a cabeça enquanto a olhava - Tudo bem mas tens o meu número e se ele aparecer ou chatear-te quero que me avises. - pedi sinceramente preocupado com ela - E quanto aos teus pais? - decidi aligeirar a conversa - Já sabes quando virão?

Assenti levemente, mordiscando o interior da bochecha.
- Tudo bem. Eu digo alguma coisa. - assegurei. - Não te preocupes. - sorri-lhe ligeiramente e encolhi os ombros. - Seja como for, ele acabará por cansar-se. - Mais uma vez, eu assim o esperava...
Olhei-o quando perguntou sobre os meus pais e sorri.
- Chegam mais logo. O voo para cá é demasiado longo. - fiz uma careta. - Mas bem, eu ainda tenho que ir tomar o pequeno almoço. Só vim mesmo avisar-te. És servido? - perguntei.

Encolhi os ombros - Ainda assim. Avisa-me. - pedi-lhe - Eu não digo que tu não me resistes? - provoquei com um meio sorriso nos lábios enquanto a olhava - Tu não vives sem mim. - disse ainda a sorrir - Só bebi café. - encolhi os ombros - Estou na minha folga mas estou sozinho por isso estava apenas a aproveitar o meu sofá. Tu não vais trabalhar hoje?

Assenti quando voltou a dizer para que eu o avisasse e revirei os olhos com o seu ego.
- Não sejas convencido. Estou só a ser simpática, Wade. - fiz-lhe uma careta.
Encolhi os ombros levemente.
- Só trabalho de tarde, e depois vou direta para o aeroporto para ir fazer uma surpresa aos meus pais. - sorri. - Eu tenho torradas, se quiseres sabes onde moro. - brinquei com ele, afastando-me um passo da sua porta e começando a virar para o curto caminho até ao meu apartamento. - Tens cinco segundos. - brinquei, quando finalmente cheguei até à minha porta.

- Vou fingir que acredito em ti. - continuei a provocar com um meio sorriso nos lábios. Estiquei-me até ao cabide da entrada e tirei do mesmo um casaco com capuz, vestindo-o e apertando o fecho de seguida. Agarrei nas chaves de casa e fui para junto da Daisy mal ela acabou a frase - Só para veres como isto é rapidez. - pisquei-lhe o olho.

A viagem até casa foi bastante rápida e aproveitei que a Kim estava a trabalhar o Tommy ainda estava na escolinha para repor o sono que não tinha conseguido dormir naquela noite e tentar descansar um bocado antes do jantar.

Voltei para casa e a Kim já lá estava com o Tommy. Sorri ajudando-a a ir preparar o jantar para depois comerem o bolo que lhes tinha trazido. No final do jantar ainda ficámos todos na sala um bocado mas o Tommy teve de ir para a cama quando chegou a hora e a Kim também acordaria cedo de manhã por isso fiquei deitado no sofá a olhar para o telemóvel à espera de alguma mensagem da Daisy mas assim que ouvi barulho no corredor fui até à porta, abrindo a mesma - Hey. - a Daisy estava sozinha por isso era bom.. certo? - Estás bem?

Estava prestes a entrar em casa quando me assustei com uma porta a abrir, seguida da voz de Wade.
- Oh, hey. - cumprimentei, depois de controlar a minha respiração. - Sim, tudo bem. - sorri na sua direção e segurei na porta, para que esta não fechasse. - Isso foi bom timing. Ias sair? - brinquei com ele, uma vez que ele aparecera mesmo no momento certo para me apanhar a regressar.

- Não. - respondi mordendo o interior da bochecha já que estava apenas em calças de fato de treino e casaco - Ouvi a tua porta e vim ver. - acabei por lhe confessar - Estava preocupado.

Observei-o em silêncio, mordendo o interior da bochecha quando o ouvi revelar que estava preocupado.
- Hm... Queres entrar? Preciso de jantar. Posso ouvir todas as tuas preocupações enquanto isso. - sugeri, encolhendo os ombros levemente. - Mas tens mesmo que me dizer as razões. - negociei na brincadeira, apontando para o interior do meu apartamento.

Não tinha nada de especial para fazer e entraria mais tarde no dia seguinte por isso agarrei nas minhas chaves e caminhei pelo corredor até à casa da Daisy.