Casa

Ri-me.
- Passei a tarde a aturar-te, quase. Acho que consigo lidar com o Tommy. - brinquei, tentando voltar a ser a Daisy feliz e sem preocupações. 
Vi-o alcançar a camisola e abanei a cabeça.
- Não precisas de vestir se não quiseres. Não me incomoda. - encolhi os ombros. Não me incomodava nadinha.

- Com o Tommy consegues lidar, não sei é se consegues aturar-nos aos dois. - brinquei e estava a começar a vestir a camisola quando a ouvi, o que me fez sorrir - Ah, muito bem. Então estás a gostar de me ver despido, é isso? - perguntei tentando provoca-la.

- Consigo lidar com os dois. - insisti.
Lido com Joe.
Arregalei os olhos e abanei a cabeça, pegando numa das almofadas do sofá e mandando contra ele.
- Idiota. - resmunguei.

- Ainda bem porque ele deve estar quase a acordar da sesta. - disse ao ver as horas que eram e que as mesmas já se aproximavam da altura a que ele costumava acordar. Soltei uma gargalhada e desviei a almofada, acabando de vestir a t-shirt - Não negaste. - relembrei-a sorrindo.

- Tudo bem. Abandonar-te-ei nessa altura. - brinquei.
Revirei os olhos com as suas palavras.
- Nem confirmei. Nem oito nem oitenta. - fiz uma careta. - Convencido!

- Ai sim? Obrigadinho! - recostei-me no sofá de forma a que a Daisy também tivesse espaço para se sentar ali e depois de acender a televisão, passei-lhe o comando para as mãos - Convencido? - perguntei bufando de seguida - Não quererás dizer antes que eu tenho a noção da realidade?

- Sempre às ordens. - gozei.
Recostei-me no sofá e arqueei o sobrolho para o comando que ele me entregou.
- Oi? - perguntei, confusa. - Sou a guardiã do comando e nem saba? - abanei o aparelho na minha mão.
Ri-me.
- Não sonhes tão alto, Hill. A queda é virtiginosa. - provoquei.

Encolhi os ombros e assenti - Eu trato bem os meus convidados. Ainda mais depois de me fazerem massagens - disse sorridente antes de lhe semicerrar os olhos - Sabes bem que é verdade. - bufei para o ar - E não devias ser tão mázinha para mim. - disse com um beicinho.

- Claro. Menos quando dá futebol. Ai tenho de ser o guardião do comando. - usei as suas palavras rindo-me de seguida. Atirei-lhe com uma das almofadas para a cara e encolhi os ombros - E foste querida enquanto me fazias a massagem mas depois passas sempre a ser mázinha para mim.

- Não são só homens que vêem futebol. - disse com um encolher de ombros - A minha irmã também gosta de ver. - agarrei novamente na almofada e olhei-a com atenção quando pareceu ter amuado ou ficado chateada - O que se passa?

- Nem todos gostamos do amarelo. - disse com um encolher de ombros e olhei novamente para a Daisy com o que ela disse a seguir - O quê? Mas não fizeste nada de errado. - disse confuso - O que é que se está a passar Daisy?

Mantive-me de sobrancelhas juntas sem perceber o que tinha acontecido para ela ter ficado assim de repente mas não sabia o que fazer ou dizer tendo em conta que nem sabia o que tinha acontecido em primeiro lugar - Hmm, está bem, tu é que sabes. - disse não querendo obriga-la a fazer algo que ela não quisesse, como estar ali.

- Não podes estar sempre a pensar que vais fazer alguma coisa para me chatear. - disse-lhe sentando-me ligeiramente de lado no sofá para estar mais de frente para ela - Até podes fazer como eu também posso fazer alguma coisa que te chateie. Não vale a pena andares a pedir desculpa por coisas que ainda nem sequer aconteceram.

Compreendia mais do que ela pensava mas não cheguei a dizer nada porque fui interrompido pelo barulho do telemóvel da Daisy a tocar. Juntei as sobrancelhas ao ver a sua expressão enquanto lia a mensagem e depois ao deixa-lo cair - Que se passa? - perguntei-lhe preocupado. O mais certo era ser do idiota do namorado.

Era óbvio que alguma coisa era e a expressão dela não melhorou à medida que chegava uma nova mensagem. Não sabia o que dizer. Ela já se tinha chateado comigo quando tinha dito coisas tão simples que a última coisa que queria era que ela se chateasse comigo por eu dizer alguma coisa sobre o namorado dela ou sobre aquela relação tóxica para ela por isso, mesmo custando-me, a única coisa que disse foi - Queres que te leve até casa? - perguntei apesar de ela viver do outro lado do corredor.

De um momento para o outro a expressão preocupada dela deu lugar a puro pânico e fiquei sem saber exatamente o que fazer. Cheguei-me para mais perto dela mas sem lhe tocar, não tendo a certeza se ela queria que eu lhe tocasse naquele momento, mas acabei por pousar uma das mãos nas costas e fazer festas nas mesmas - Shh, está tudo bem. - tentei acalmá-la apesar de não saber se estava a ter grande sucesso - Ele não vai descobrir, vai correr tudo bem. Queres que te vá buscar um copo de água? - perguntei preocupado.