Books & Tea Café

Fiz-lhe uma careta e assenti, respondendo à sua questão sobre o fim do meu turno.
- Sim, acabei agora. Ou pensas que és o meu cliente preferido e te vim fazer companhia? - brinquei, dando-lhe um pequeno murro, sem força, no braço.
O meu telemóvel tocou, anunciando a chegada de uma nova mensagem. Peguei no mesmo e li que os meus pais tinham acabado de chegar ao meu prédio, o que me fez sorrir automaticamente, ainda a olhar para aquelas curtas palavras.

Voltei a olhá-la sem esconder o sorriso - Eu disso tenho a certeza absoluta. - respondi-lhe de volta antes de acabar a minha bebida - Está tudo bem? - perguntei quando a vi a mexer no telemóvel.

Ri-me.
- Por acaso, não és. - pisquei-lhe o olho.
Assenti quando Wade me perguntou se estava tudo bem e respondi aos meus pais, dizendo que chegaria em pouco tempo, voltando depois a guardar o telemóvel no bolso.
- Os meus pais chegaram ao prédio. - anunciei, sem deixar de sorrir.

Bufei - Por acaso até sou. Mais do que apenas o teu cliente favorito. - acrescentei com um meio sorriso nos lábios - Chegaram? - até àquele momento tinha estado a brincar com ela mas agora sentia-me nervoso por poder mesmo vir a conhecer os pais dela. Não tinha grandes exemplos junto a pais, nem meus nem das raparigas com quem já tinha andando, não que andasse com a Daisy ... mas ainda assim...

Arqueei o sobrolho e olhei-o.
- O que és mais? - provoquei-o, procurando por uma resposta para a sua insinuação. 
Assenti, mordiscando o lábio inferior ao ver as expressões faciais de Wade mudarem.
- Está tudo bem? - perguntei, baixinho. Ele parecia nervoso e pensativo. Não queria que ele ficasse assim por conhecer os meus pais, principalmente se ele não quisesse conhecê-los.

- A tua grande paixão. - respondi sorrindo novamente - Nada. - respondi agarrando nas minhas coisas - Queres ir embora então? - perguntei levantando-me - Ou já arranjaste uma nova boleia?

Arregalei os olhos com as suas palavras e, por momentos, fiquei sem saber o que lhe responder àquilo. Não é como se fosse verdade, mas eu não contava com uma resposta daquelas.
- Estás muito iludido. - acabei por dizer quando finalmente encontrei as palavras. - E acho que queres mesmo declarar-te a mim. - acrescentei num tom mais brincalhão.
Abanei a cabeça para responder à sua última pergunta.
- Vou ter que me contentar com a tua boleia. - pisquei-lhe o olho. - Vamos lá. - sorri.
Levantei-me da minha cadeira e esperei que Wade fosse pagar o seu pedido. Assim que o fez, abandonamos a estabelecimento e fomos para o seu carro.

Abanei a cabeça enquanto sorria e caminhava para fora do café - Vou fingir que acredito em ti. - tirei as chaves do carro do bolso das calças e destranquei o mesmo que não estava estacionado muito longe da entrada do café - Já sabes quanto tempo é que os teus pais vão ficar?

Assim que Wade abriu o seu carro, entrei para o lugar do pendura e coloquei o cinto de segurança.
- Podes acreditar. - sorri inocentemente e encolhi os ombros.
Bati com os dedos levemente na perna e abanei a cabeça quando me perguntou se sabia quanto tempo é que os meus pais iriam ficar.
- Não. Eles são capazes de me dizer depois. Da maneira que são, dizem que ficam até acharem que eu estou bem. - fiz uma careta. - Não é que eu esteja mal, mas pronto. - encolhi os ombros despreocupadamente e suspirei. - Mas eles são bem capazes de ficar uns dias comigo, mas depois ficarem noutro sítio, continuando de olho em mim na mesma. Só para tentarem iludir-me. - ri-me.

Entrei no carro e coloquei o cinto de segurança antes de meter a chave na ignição - Tens sorte. - disse-lhe honestamente - Por eles se preocuparem contigo. - encolhi ligeiramente os ombros - No meu caso sempre foi apenas eu e a minha irmã.

Sentei-me de lado, de forma a conseguir olhar para Wade enquanto ele conduzia e falava comigo.
- Ei... - disse baixinho, mordendo o interior da bochecha. - Seja qual for a tua história, tu saíste um bom rapaz, com bons valores. Deves estar orgulhoso de ti mesmo. - fui sincera. - A menos que sejas muito bom a iludir-me, claro. - acrescentei segundos depois, voltando a ir buscar um lado mais brincalhão para a conversa não se tornar demasiado pesada.

Olhei para ela e sorri ao ouvi-la - Eu bem digo que tu me adoras. - brinquei tentando acalmar aquele clima que de repente se tornou demasiado pesado. Arranquei de volta para o nosso prédio - Espero que os teus pais não estejam a fazer-nos uma espera. - provoquei.

Fiz-lhe uma careta e dei-lhe um pequeno murro no braço.
- Eu a tentar ser simpática, e tu aproveitas a situação para insinuares coisas. - abanei a cabeça e ri-me por momentos. - Sim, Wade. - disse, mais séria, esperando que ele se deixasse enganar e acreditasse nas palavras que eu ia dizer, só para provocá-lo. - Eu estou doida por ti. - mantive a minha cara séria.
Abanei a cabeça e encolhi os ombros.
- De certeza que estão. - concordei.

Voltei a sorrir e encolhi os ombros - Eu sempre soube, mesmo que tentes iludir-me. - brinquei, estacionando o carro num lugar livre que consegui apanhar mesmo em frente à porta do nosso prédio - Então não tenho forma de fugir deles. Agora é que até os teus pais vão perceber a tua paixão por mim.

Fiz-lhe uma pequena careta e sorri, esperando que ele estacionasse o carro para poder sair do mesmo.
- Ou vão perceber a tua paixão por mim. - rebati com um encolher de ombros despreocupado.
Abri finalmente a porta e saí do carro de Wade, esperando depois por ele para caminharmos para o nosso prédio. Assim que me aproximei da porta, vi-os, encostados à parede e a falar um com o outro, enquanto que Paul estava a uns passos de distância, observando tudo.
- Hey. - cumprimentei, chegando de mansinho, e rindo-me assim que os meus pais me abraçaram com força. - Estão a esmagar-me. - avisei, fingindo-me sem ar, alguns minutos depois. Isso foi o suficiente para eles me largarem e darem alguma liberdade para apresentar Wade.
- Bem... - comecei, sentindo-me momentaneamente nervosa. - Hm... Wade, estes são os meus pais. Harry. Louis. - apontei para cada um deles.

Entrei no prédio e o meu olhar parou logo no grupo de pessoas que ali se encontravam e não passavam em nada despercebidos. Agarrei nas minhas chaves de casa em silêncio enquanto a Daisy se aproximava dos pais e sorri quando nos apresentou - Olá, sou o vizinho. - cumprimentei apertando as mãos dos dois.

Uma semana rapidamente se passou e os meus pais acabaram por decidir que o melhor seria irem para um hotel, pelo menos até irem embora. Sabia o que eles queriam fazer - davam-me a aparência de liberdade absoluta, mas estariam perto, caso precisasse deles, e eu não poderia estar mais grata por isso.
Durante essa semana, continuei a ouvir comentários em relação ao Wade, para além das preocupações sobre possíveis aparecimentos do Joe. Eu sorria e dizia que tudo estava bem mas, na verdade, ficava admirada e receosa com todo aquele silêncio.
Como a presença dos meus pais não eram um cartão verde para não ir trabalhar, levantei-me de manhã cedo e fui para o Books & Tea, já que era eu a responsável por abrir o estabelecimento durante aquela semana.
O dia correu normalmente, com alguns clientes habituais a passar pelo estabelecimento. Via que havia cada vez mais curiosos a aparecerem e passarem algumas horas ali, e isso deixava-me feliz.
- Podes fazer a tua pausa. - a minha colega anunciou e eu assenti rapidamente, indo sentar-me com um livro a um pequeno canto, por alguns minutos.

Tinha passado a semana cheio de trabalho e por isso mal tinha tido tempo para ver a família quanto mais a Daisy ou os pais dela. Consegui despachar-me da oficina e como sabia que a Daisy ainda estava a trabalhar dirigi-me até ao café dela para lhe fazer uma surpresa e também para descansar. Não era exatamente o meu tipo de espaço mas gostava imenso de passar lá algum tempo.

Quando me levantei para ir guardar o livro, ouvi a porta a abrir-se e vi Wade entrar. Consegui reparar que acabava de vir do trabalho, por causa da sua roupa. 
- Hey. - caminhei na direção dele, sorridente. - Como estás? - perguntei, uma vez que ainda nem sequer tinha estado com ele.

Sorri quando ela me viu - Hey. Bem mas cansado. - respondi sentando-me numa das mesas vazias - Ainda estás a trabalhar certo? - perguntei com um arzinho adorável - O que é que tens de bom para mim hoje?

Acompanhei-o até à mesa e encolhi os ombros. 
- Estou na minha pausa, mas posso servir-te se fizeres muita questão. - brinquei com ele, piscando-lhe o olho.
Olhei para o balcão rapidamente.
- Acho melhor escolheres. Tudo é bom e nada parece saudável. - ri-me.

Fiz um sorrisinho adorável quando a ouvi - Adoro a tua paixão por mim. - provoquei com um sorriso enquanto olhava por cima do ombro dela para a montra - Hmm apetece-me beber algo frio e alguma comida com chocolate? - acabei por dizer em tom de pergunta à espera que ela sugerisse algo tendo em conta o que me apetecia.

Semicerrei os olhos.
- Estás a tentar fazer algum tipo de psicologia reversa para que eu perceba que estás apaixonado por mim? - arqueei o sobrolho e sorri inocentemente.
Assenti quando disse o que lhe apetecia.
- Que tal uma limonada e um croassaint de nutella? Ou sumo de laranja. - sugeri.

Abanei a cabeça com um sorriso adorável nos lábios enquanto a olhava - Nope, só a dizer a verdade. - provoquei-a ainda a sorrir - Limonada parece-me bem. - ainda nem tinha tido tempo para almoçar por isso estava cheio de fome - Mas dois croissants. - pedi-lhe.

Abanei a cabeça.
- Um dia ainda o vais admitir, Wade. - provoquei-o, piscando-lhe o o olho.
Assenti quando me disse o seu pedido e fui para o balcão, tratando do mesmo rapidamente, já que não estava responsável por mais nenhum.
Depois te tudo reunido num tabuleiro, levei-o até à mesa que Wade ocupava.
- Trouxe-te uma baguete. Imagino que ainda não almoçaste. - disse, ao ver as horas e sabendo que ele, provavelmente, ainda não comera. - Baguete por conta da casa. - encolhi os ombros, sorridente.