Andersen's of Denmark Ice Cream

Esfreguei uma mão na cara, com vontade de matar a minha irmã. Eu só queria dormir e ela andava a inventar saídas à noite. Ajeitei o meu cabelo, mordiscando o interior da bochecha quando Aaron? aceitou, e depois de trocarmos despedidas, observei-os a saírem da gelataria e soltei um suspiro. - A sério? - Voltei a perguntar. - Liv, eu não quero ir. - Resmunguei. - Estou cansado e eu sei o que é que estás a tentar fazer.

Assenti, seguindo automaticamente o meu irmão, com os nervos a crescerem dentro do meu estômago. - Não devia ter aceite. - Murmurei, mais para mim que para ele, enquanto saíamos da gelataria. - Eu odeio discotecas, eu odeio pessoas a-a-a-a... - Abanei a cabeça, passando na passadeira, para irmos até ao parque de estacionamento onde estava estacionado o carro. Cruzei as mãos ao peito, apertando-as à minha volta. - O que é que eu faço?

Acenei um adeus aos gémeos quando eles sairam da gelataria e voltei a olhar para o Ben novamente com os olhos semicerrados - Deixa de ser uma seca. Não vais passar o dia fechado em casa à seca. Tens tempo para dormir antes de irmos sair. - dei-lhe um encontrão com a cintura enquanto sorria - O que é que estou a tentar fazer? Juntar-te ao Axel? - perguntei com um meio sorriso.

Revirei os olhos, esfregando o meu cabelo desgrenhado. Eu nem sabia como é que Axel me tinha conseguido elogiar, ainda que muito subtilmente, porque eu não estava com muito bom aspecto. - Sim. - Respondi. - E eu não quero isso, podes ficar com o Aaron, ou lá o nome dele. - Continuei no meu tom resmungão. - Ele só me aturou agora porque estava a apanhar uma seca por vossa causa.


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Suspirei baixinho assim que saimos para a rua e o Aaron começou a dizer aquelas coisas. - Tem calma... - pedi-lhe e toquei de leve no seu braço, numa tentativa de o acalmar. - Vai correr tudo bem. Eu vou fazer por isso, está bem? - virei o meu rosto para ele. - Não te vou deixar sozinho ou que algo te aconteça, eu prometo. - disse numa tentativa de o deixar mais descansado.

Bufei para o ar - Não queres? Por favor, já te vi a mentir melhor. - disse com um revirar de olhos - Eu não quero ficar com o Aaron. Somos só... amigos. - nem isso éramos mas não sei ele era... interessante. Voltei a revirar os olhos com o que o Ben disse - Oh por favor, vamos sair, deixa-te de coisas. Não te vou deixar ficar fechado em casa e vamos sair todos. Vai ser divertido. - disso sorridente.

Passei a mão pelo meu cabelo cor-de-rosa, fitando o meu irmão por breves segundos antes de decidir entrar no carro. - Não podes prometer isso. - Respondi-lhe. - Vai correr mal e eu mal a conheço. - Continuei. - E ela é estranha e complicada. - Coloquei o cinto, enfiando as minhas mãos entre as pernas para parar de tremer. Eu devia parar de brincar às pessoas normais.

Entrei no carro logo a seguir a ele. - Confia em mim Aaron. - pedi-lhe. Coloquei o cinto de segurança e logo comecei a conduzir para fora daquele lugar. - Eu sei que mal a conheces mas ela parece-me ser boa pessoa e também não irá fazer nada para que fiques mal. - falei rapidamente, tentando ainda deixá-lo mais descansado. Não gostava quando ele ficava assim. - Vai correr tudo bem.

- Não. - Voltei a repetir, desviando o olhar dela para outro ponto qualquer, enquanto me preparava para sair dali. - O mãe natureza pode estar maluca por ter criado criaturas deste calibre, mas isso não quer dizer que eu queira. - Revirei os olhos a mim próprio. - Era só para vir comer um gelado e dar um passeio e agora... - Bufei para o ar. Eu não estava preparado para conviver com ninguém, só o fazia com a minha irmã porque ela era a pessoa que eu mais amava no mundo, e também só me tinha esforçado com Axel porque não queria parecer patético. - São só amigos? Antes de sairmos de casa ele era o maluco estranho.

Mordi o lábio inferior, assentindo; eu confiava nele, mas imaginar-me numa discoteca depois de já ter estado numa e as coisas terem corrido mal, era impossível não me sentir nervoso. - Ela é a rapariga que eu desenho há anos. - Murmurei. - Estou a tentar perceber como e porquê, mas acho que isso não vai acontecer numa discoteca. - Encolhi ligeiramente os ombros, desviando os olhos para absorver a vista da janela.

- Estavas todo embeiçado por ele quando te mostrei quem era e depois de falares com ele ouvi-te falar num segundo encontro entre vocês. Eu tornei isso realidade e agoras estás amuado? - perguntei com um revirar de olhos e encolhi os ombros de seguida - E ele é estranho mas não sei é interessante. - encolhi novamente os ombros - E agora pára de embirrar e vamos para casa para dormires tudo de uma vez e amanhã irmos sair.

-Porque ele é giro e não só. - Defendi-me, soltando um suspiro. - Não era suposto ser amanhã. - Continuei, mas decidi não insistir mais no assunto, isto tudo ia ser um grande desastre, mas seria um desastre maior se ela começasse a zangar-se com a minha relutância. - Eu vi-te a sorrir, estavas a gostar. - Piquei-a, com um sorriso breve.

O meu sorriso foi alargando aos poucos com o comentário do Ben - Giro e não só. - repeti - Vai ser amanhã e já está combinado, deixa-te de coisas. - dei-lhe um encontrão com a cintura - E pensa positivo. Desta vez já vais mais bem vestido e sem sono para falares com o Axel. - pisquei-lhe o olho. Revirei os olhos - Estava a sorrir porque sou simpática e gosto de sorrir. - disse com um encolher de ombros.

- Pois é a rapariga que tu desenhas. Isso faz-me tanta confusão, como é que... - comecei a falar mais para mim do que para ele, acabando em seguida por me calar e continuar a conversar com ele. - Pode ajudar, nunca se sabe. Ao menos servirá para vocês se conhecerem melhor. - encolhi os ombros. - e vocês pareciam estar a dar-se bem. - comentei com um pequeno sorriso.

-Ela estava simpática. - Respondi-lhe. - Até achei estranho, porque ela parecia louca quando chegou ao hospital.
Estiquei-me para trás, até agarrar na minha mochila e tirar o último que tinha feito antes de a conhecer, e aquele que tinha feito depois de ela ter aparecido no hospital. Eram nitidamente a mesma pessoa, mas o último estava mais pormenorizado, os traços estavam mais maduros e o azul dos olhos era diferente. - Não a conheces de nenhum lado? - Perguntei.

-E vou o mesmo atrasado de sempre. - Resmunguei baixinho, andando lentamente até ao nosso apartamento que, felizmente, era perto o suficiente da gelataria. - Provavelmente nem me vou lembrar dele daqui a pouco. - Encolhi os ombros, estava a ser dramático, já não me esquecia assim das pessoas, mas o que é que podia fazer. - Certo. - Assenti, quando disse que só estava a sorrir porque gostava. - Tem cuidado com o Aaron, se ele é estranho como dizes, tanto pode magoar-te a ti, como tu o podes magoares a ele.

- Talvez tenha percebido que devia ser simpática, não sei. - disse meio à toa, já que eu nem sequer a conhecia e mal tinha falado para ela. Olhei de relance para os desenhos que o Aaron me estava a mostrar, tentando sempre não me distrair da estrada. - Não. Que me lembre não. A não ser dos desenhos. - murmurei, cada vez a sentir-me mais confuso com aquilo tudo.

- Claro que não te vais esquecer, vais ficar a pensar nele. - disse sorridente sabendo que era muito mais provável aquilo acontecer. Fiquei alguns segundos a pensar no seu comentário seguinte enquanto caminhávamos até ao apartamento - Ele não me vai magoar. - encolhi os ombros - Ninguém me magoa. - disse simplesmente - E não o vou magoar a ele. Vamos sair todos juntos amanhã e depois o mais certo é nunca mais lhe meter a vista em cima.

Mordi o lábio inferior, voltando a enrolar as folhas e guardá-las na minha mala. - Ela já diz que sou esquisito, quando lhe dizer que a desenho há anos, vai pensar que... - encolhi os ombros, vendo-o estacionar na garagem do que parecia ser o apartamento. - É aqui? - Perguntei, abrindo a porta do carro quando parámos, olhando em volta. Tinha tanta coisa para fazer e agora ainda tinha que me preocupar com uma saída à discoteca. - Gostaste do irmão da Olivia?

Revirei-lhe os olhos de forma exagerada, para ela parar de pensar em coisas que não devia. A minha expressão modificou-se quando ela disse que ninguém a magoava. - Liv, és minha irmã. Não precisas de pôr esse fato de durona. - Avisei-a. Os pais eram um exemplo de duas pessoas que a magoavam, magoavam-na a ela, e a mim. Acho que para eles, devia ter ficado perdido no meio do oceano e nunca mais ter voltado; o pior é que eu não conseguia deixar de gostar deles. - Isso foi muito animador, tentas juntar-me com um rapaz, mas já estás a pensar que nunca mais os vais ver. - Entrei em casa, começando a tirar a roupa e atirar-me para a cama - finalmente.

Suspirei. - Ela vai achar estranho, provavelmente. Assim como nós achamos. Mas de certeza que vais acabar por descobrir a explicação para tudo isso. - falei calmamente e encolhi os ombros. Sorri assim que chegamos a casa, por fim. - Sim, é aqui. Gostas? - perguntei, apesar de estarmos ainda no exterior da casa e sai do carro. - Hmm, até é simpático. - disse apenas assim que ele falou do Ben.