Apartamento

- Deves. Não te metas comigo. Eu tenho um negócio paralelo de fazer desaparecer pessoas na minha oficina. - disse com um ar sério enquanto a olhava. Assim que nos ajeitámos no sofá, coloquei um dos braços por cima do corpo dela e deixei-nos estar tapados a ver televisão - O que é isto mesmo? - perguntei referindo-me ao que estava a dar.

Ri-me das suas palavras.
- Devia ter gravado isso e levar-te para a polícia. - brinquei com ele.
Tentei encolher os ombros quando me perguntou o que é que estava a passar na televisão e aninhei-me nos seus braços.
- Não sei. - admiti e alcancei o comando, mudando de canal. - Uh, Notting Hill. - comentei, sorridente.
Olhei para ele, pousando o queixo no seu peito.
- Conheces? - questionei-o.

- E depois ias visitar-me todos os dias? - perguntei sorridente, mostrando-lhe as minhas covinhas. Ajeitei-me no sofá e voltei a olhar para a televisão, assentindo quando ela disse o nome do filme - Claro, como é que me podia ter esquecido. - comentei abanando a cabeça - A minha irmã podia ser uma maria-rapaz mas também teve as suas fases de menina. - disse com uma careta.

- Depende. O que é que eu iria ganhar com essas visitas diárias? - brinquei com ele.
Levei um dedo a uma das suas covinhas e abanei a cabeça.
- Não tentes seduzir-me com os teus defeitos genéticos, Wade Hill. - semicerrei os olhos na sua direção.
Assenti quando falou que conhecia o filme.
- E tu aproveitavas para ver. - provoquei-o, ainda olhando para ele.

- Ganhávamos os dois. - respondi mexendo as sobrancelhas ainda a sorrir-lhe. Dei-lhe uma palmada na mão quando se esticou para as minhas covinhas e acabei mesmo por rir - Não tinha outro remédio, é o que fazemos pelos irmãos mais novos. - encolhi os ombros - Ela também não se queixava quando eu via futebol.

Arqueei o sobrolho na sua direção e decidi ser corajosa, já que parecia que eu estava a tentar ser direta, sem realmente o ser.
- Que tipo de benefícios é que esse movimento de sobrancelhas espera transmitir? - provoquei-o de volta, sorrindo. - Ainda nem me desta um beijo e já pensas que vou passar os meus dias a visitar-te na cadeia? - continuei no mesmo tom, rindo-me.
Abanei a cabeça.
- Os meus irmãos e o meu pai obrigavam-me a jogar futebol, que é diferente. O pai, o Harry, passava-se da cabeça quando via que eu vinha cheia de pisaduras. - ri-me.

- Awn tu queres que eu te beije. - provoquei sorridente antes de voltar a espetar os dedos nas costelas. Não ia fingir que era algo que não tinha pensado mas gostava demasiado dela e sabia que ela tinha passado por tanto há tão pouco tempo para me aproveitar ou fazê-la sofrer - És tão sensível. - voltei a falar com um sorrisinho -
E depois disso o Harry decidiu apostar no ballet?

Revirei os olhos.
- Para de gozar comigo. - resmunguei quando me provocou. - Não te vou obrigar a beijar-me se não quiseres, mas também não vou atirar-me a ti para me rejeitares. - avisei.
Dei-lhe uma sapatada nas mãos para que não me fizesse cócegas.
- Eu não sou sensível. - voltei a resmungar com ele e abanei a cabeça, apertando-lhe o queixo. - Eu já andava no ballet antes disso. - respondi calmamente.

- É melhor falarmos de outro assunto. - disse ajeitando-me no sofá; não queria que ela ficasse com a ideia errada mas talvez até fosse o melhor - És sim. - provoquei sorrindo - Ficavas cheia de negras a jogar futebol.

Abanei a cabeça quando ele disse que deveríamos falar de outro assunto.
- Já compreendi. - disse baixo e voltei a olhar para a televisão. Tentei não pensar no quão aquilo soou como uma recusa e concentrei-me no que passava na televisão, sem muito sucesso. Não queria parecer mimada e aborrecida com as suas palavras, mas também não queria fingir que não me magoava de alguma forma. No entanto, não queria dizer que ia mostrar isso.
- Isso não quer dizer nada. Eu era boa naquilo. - informei, ainda sem olhar para ele e perdendo todo o tom de provocação.
Sinceramente, eu nem sabia em que é que estava a pensar para me ter insinuado daquela maneira.

Mantive o meu olhar fixo na Daisy sabendo que ela já tinha perdido a piada da situação. Não a queria magoar mas tendo de o fazer o melhor era fazer já do que mais tarde e acabarmos os dois muito mais magoados - Queres que vá embora?

Demorei algum tempo para lhe responder à questão, ficando alguns segundos a olhar para a televisão.
- Não quero ficar sozinha, mas não te vou obrigar a ficar. - disse baixinho.
Olhei para ele por alguns momentos.
- É como quiseres. - acabei por responder.

- Não quero ir embora. - respondi-lhe honestamente deixando-me ficar no sofá juntamente com ela - Mas não prometo manter-me muito mais tempo acordado. - brinquei tentando acalmar o ambiente.

Assenti quando disse que não queria ir embora e alcancei o comando, apagando a televisão.
- Queres ir para a cama? Não vamos ficar a dormir neste sofá. - disse, olhando para ele rapidamente. - Prometo nem te abraçar. - encolhi os ombros levemente e levantei-me no sofá, saltando para o chão.

- Eu sempre soube que isto não passava de um plano para me levares para a cama. - brinquei com um meio sorriso, tentando acalmar o ambiente enquanto me levantava também do sofá - Depois dessa promessa claro que vou aceitar. - ia estar sozinho em casa e a Daisy também estava por isso podia dormir ali.

Abanei a cabeça.
- Nem eu pensei em outra coisa. Era óbvio que esse era o objetivo. - ironizei, fazendo uma careta.
Fechei as persianas e as cortinas da sala e dirigi-me para o meu quarto. Caminhei até ao armário e peguei no meu pijama.
- Volto já. - informei, indo até à casa de banho para me trocar. - Está à vontade. - disse em voz alta.

- Sempre soube. - provoquei. Segui-a até ao seu quarto e fiquei alguns segundos a observar o mesmo já que era a primeira vez que entrava ali. Quando ela foi mudar de roupa aproveitei para me descalçar e só isso pois não me parecia que seria muito bom despir fosse o que fosse - Porque não estava antes? - perguntei sorrindo.

Assenti, observando-o movimentar-se pela minha cozinha como se estivesse em casa.
- E precisas de ajuda, senhor prendado? - questionei, encostando-me ao balcão, sem deixar de olhar para os seus movimentos.
Não me podia permitir pensar no quão feliz eu ficava por encontrar ali. Começava a parecer cada vez mais que Wade não estava interessado, pelo menos, não da mesma forma que eu.

Abanei a cabeça com um sorriso - Nope, isto está controlado. - respondi ainda a sorrir - Mas podes ir pondo a mesa. Não podes ficar habituada a não fazer nada. - provoquei com um meio sorriso antes de tratar de outra panqueca.

Arqueei o sobrolho com as suas palavras, tentando não me rir.
- Vais andar a fazer isso o tempo suficiente para se tornar um hábito, é? - provoquei-o, afastando-me da superfície e indo colocar a mesa para nós os dois.

- Eu sei que te habituas rapidamente. - provoquei desligando o lume e agarrando no prato cheio de panquecas que tinha feito - Mas estás a fazer algum convite para me mudar para cá?

Revirei os olhos.
- Não me habituo facilmente. - resmunguei baixinho.
Observei-o a aproximar-se da mesa com um prato cheio de panquecas e controlei-me para não elogiar o bom aspeto do pequeno almoço.
- Não, mas aposto que não te importavas que fosse. - provoquei-o.

- Tudo para manter o meu bebé debaixo de olho. - respondi sorrindo enquanto olhava para o Will que depois de ter comido tinha decidido ficar no seu canto - Tenta não querer contratar-me para te fazer o pequeno-almoço todos os dias. - brinquei.

Revirei os olhos.
- Deixa o meu gato em paz. - fingi resmungar com ele.
Abanei a cabeça e servi-me das panquecas que Wade cozinhara.
- Não sejas tão convencido. - semicerrei os olhos na sua direção.

- O gato também é meu. - relembrei-a antes de começar a comer - Não sou convencido, é a realidade. - disse deitando-lhe a língua de fora antes de me dedicar às panquecas.