Apartamento

Louis manteve a sua postura séria, mas conseguia ver o quão preocupado ele estava. E Harry.
- Sim. Estão a caminho. - disse, olhando para mim. 
Eu não sabia como me sentir. Estava aliviada, mas não conseguia parar de tremer e chorar silenciosamente.
Louis pegou-me nas mãos e analisou os meus pulsos, que se encontravam ainda vermelhos pela força exercida por Joe.
- Pai... - murmurei, abanando a cabeça. - Não lhe façam nada. Não quero que vocês... - engoli em seco. - Por favor. - olhei-o.
Louis assentiu levemente, beijando-me na bochecha.
- Vai para dentro, Daisy. Já vamos lá ter contigo. - assegurou-me, afastando-se para ir ter com Harry, que também me olhava preocupado.
Olhei para Wade e suspirei, entrando finalmente no prédio.

Olhei uma última vez para o Harry e o Louis antes de entrar no prédio com a Daisy no prédio para a manter longe da confusão de fora enquanto esperávamos pela polícia para levar o atrasado embora e esperava que de vez - Estás bem? - perguntei novamente.

Olhei para Wade.
- Deveria dizer que sim. - murmurei, abanando a cabeça e obrigando as minhas mãos a pararem de tremer para que eu conseguisse abrir a porta. - Mas não. - fui sincera. - Ele apanhou-me à saída do trabalho. Eu nem sei como corri até aqui. - admiti, finalmente entrando em casa.

Entrei com a Daisy no seu apartamento e fui arranjar-lhe um copo com água, estendendo-lho de seguida - Ele magoou-te? - perguntei procurando alguma ferida no seu rosto e partes visíveis de pele.

Deixei o meu corpo cair sob o sofá assim que me aproximei do mesmo.
- Só braços... Dói-me as costas, por ele me ter empurrado. - acabei por dizer, depois de ponderar se lhe deveria dizer a verdade. - Obrigada. - murmurei, quando me deu um copo com água.

Sentei-me na cadeira livre tentando não olhar de forma tão intensa para ela mas estava preocupado e não conseguia escondê-lo - Há alguma coisa que possa fazer para te ajudar? - perguntei.

Observei-o a sentar no outro sofá e suspirei com a sua pergunta.
Acabei por me levantar, pousando o copo, agora vazio, na mesa de centro. Aproximei-me de Wade e sentei-me ao seu lado, aninhando-me no seu peito, com as pernas no seu colo.
- Abraça-me. - murmurei, sem o olhar, enquanto me cobria com uma manta.

Puxei-a mais para mim, deixando o meu queixo apoiado no alto da sua cabeça enquanto a apertava com força contra o meu peito - Está tudo bem. - murmurei enquanto lhe fazia festas no cabelo.

Fechei os olhos e abanei a cabeça.
- Por favor, não estejas chateado comigo. - murmurei, olhando-o, sentindo a minha visão embaciada. - Eu queria ir a um encontro. Eu estava a brincar. - suspirei tristemente.

Afastei-me ligeiramente quando a ouvi e juntei as sobrancelhas - Hey. - puxei-a novamente mais para mim mas de forma a que me olhasse - Não estou chateado contigo, era uma brincadeira. - passei a ponta dos dedos pelas suas bochechas - Não te preocupes com isso, está bem?

Assenti levemente, piscando os olhos preguiçosamente, com medo de chorar ainda mais.
- Desculpa. - murmurei, engolindo em seco, e escondi a minha cara no seu peito, abraçando-o com força. - Tenho medo. - admiti, muito baixinho.

Coloquei os meus braços à volta dela, puxando-a mais para mim enquanto lhe fazia festas no cabelo - Está tudo bem. - murmurei contra o seu cabelo - Já não tens de te preocupar com mais nada.

Engoli em seco e encolhi-me mais contra o seu corpo, fechando os olhos com força. Conseguia ouvir o barulho do exterior, mas as vozes pareciam falar outra lingua. Portas a bater. Carros a arrancar.
A porta de minha casa abriu e logo os meus pais entraram, sem o segurança.
- Dai... - a voz suave de Louis chamou-me e eu levantei o olhar. - Está tudo bem. - assegurou, sorrindo-me levemente.
Assenti, aliviada com aquilo, mas não podia negar que tinha medo. Medo de Joe voltar.
- Querida, porque não vais tomar um banho e relaxar um bocado? Nós ficamos com o Wade. - Harry propôs e eu assenti, saindo da sala para ir tomar um banho.

Levantei o olhar para a porta quando esta se abriu de repente e o Harry e Louis entraram - Vou ficar aqui. - assegurei à Daisy quando ela se levantou para seguir o conselho do Harry. Só iria quando ela me dissesse para o fazer.

Depois de ir buscar roupa confortável, incluindo uma sweater que eu não sabia bem a qual dos meus pais é que pertencia, fui tomar banho, ignorando as dores que sentia por causa da força de Joe, enquanto lágrimas silenciosas escorriam pelas minhas bochechas.

- Daisy off -

Harry sentou-se no outro lado do sofá, soltando um longo suspiro.
- A Dai disse-te alguma coisa? Sobre o que estava a acontecer? - perguntou, preocupado, olhando para Wade.
Também Louis se sentou, aguardando por uma resposta.

Endireitei-me no sofá e encolhi ligeiramente os ombros - Ela só me disse que depois de sair do trabalho ele apareceu. Ela conseguiu fugir até aqui mas ele acabou por a levar lá para trás. Acho que não aconteceu nada... mas a culpa é minha. - esfreguei a cara com um suspiro - Eu estive com ela no café e depois vim embora.

Louis arqueou o sobrolho depois de ouvir Wade falar.
- Não é culpa tua. Nem é culpa da Daisy. Aquele... - abanou a cabeça. - Ele é que é do pior. - suspirou e viu Harry concordar, enquanto assentia. - Não tens que te culpar de nada. Se não fosse hoje, aconteceria noutro dia. Ele andava a vigiá-la. Ele admitiu isso. - fechou os olhos por momentos e abanou a cabeça. - Nós bem sabíamos que aquele rapaz ia ser um pote de problemas.
Harry suspirou e colocou uma mão no joelho de Louis.
- Ela está bem, é o que importa. - murmurou, apesar de também sentir vontade de fazer Joe pagar pelo estado em que colocou a sua filha. - E nós temos que te agradecer por estar ao lado dela, Wade. - sorriu levemente para o rapaz.

- De qualquer das formas devia ter ficado lá com ela e tê-la trazido como tinha feito antes. - suspirei levantando o olhar para o Harry e Louis - Não precisam de agradecer. E ainda bem que vocês estão por cá, assim a Daisy tem pessoas de quem gosta e que gostam dela a apoia-la.

Saí da casa de banho e caminhei lentamente para a sala, encolhida nas minhas próprias roupas.
- E quando não estivermos, confiamos em ti. - ouvi Harry dizer e Louis concordar.
Suspirei e demorei um bocado mais, entrando na sala.
- Oi. - murmurei, sorrindo levemente para os meus pais.

Assenti com a cabeça sem saber o que lhes dizer. Continuava preocupado com a Daisy; não tinha acontecido nada de mais mas podia ter acontecido e devia ter ficado com ela para a acompanhar até casa em vez de ter vindo sozinho. Olhei por cima do ombro quando a ouvi - Hey. - cumprimentei com um pequeno sorriso - Se calhar é melhor ir embora.

Sentei-me no sofá e abracei as minhas pernas, olhando para Wade.
- Tudo bem. - acabei por dizer, pousando o queixo nos joelhos. - Não tens que ir, se não quiseres. - acabei por acrescentar, fazendo uma pequena careta.
Harry e Louis falavam entre eles, baixinho, e acabaram por se levantar.
- Nós vamos buscar alguma coisa para jantar. - Louis enunciou calmamente, beijando-me a testa. - Qualquer coisa, liga-nos logo. Vamos só ao restaurante ao fundo da rua. Devem ser só alguns minutos. 
Assenti levemente.
- Até depois. - despediram-se de Wade com um leve sorriso que ainda não escondia a sua preocupação.
Eles saíram de casa, levando uma das chaves com eles.

Levantei o olhar para o Harry e para o Louis quando os voltei a ouvir - Eu fico até voltarem. - disse vendo-os sair de seguida. Voltei a olhar para a Daisy e cheguei-me mais para a ponta do sofá para lhe dar espaço suficiente - Queres que te traga mais alguma coisa?

Olhei para Wade e abanei a cabeça.
- Obrigada. - sorri-lhe levemente e suspirei. - Não precisas de te afastar de mim. - fiz-lhe uma pequena careta, quando o vi afastar-se no sofá, dando-me mais espaço. Contudo, permaneci na mesma posição, sem usufruir daquele espaço extra.

- Só quero que fiques confortável. - respondi com um ligeiro encolher de ombros - Afinal a casa é tua. - disse num tom mais bricalhão tentando acalmar o ambiente.

Sorri com as suas palavras.
- Eu estou bem, Hill. - assegurei. - Não me importo que estejas sentado ao meu lado, sem metro e meio a separar-nos. - continuei, acabando por me rir.
Puxei a manta que permanecera no seu colo e cobri as minhas pernas com ela.
- Aproxima-te. Não te vou morder. - brinquei com ele.