Royal Prince Alfred Hospital

Odiava o hospital. De todos os sítios no planeta, aquele era o único sitio que eu me opunha em ir. Ao menos as consultas eram tão espaçadas que eu apenas tinha de la por os pés uma ou duas vezes por ano. Sentei.me na maca da triagem e comecei a tirar a perna, o mais provável era o médico ter um ataque quando visse o que eu tinha feito à prótese mas eu nem queria saber.

Ia a passar pelos corredores, segurando o meu caderno com uma mão e o lápis com a outra, quando reparo que há mais gente na triagem, que ainda nem há cinco minutos estava vazia. Suspirei e pousei as minhas coisas no lugar do costume. Encaminhei toda a gente para os sítios certos, deixando para último a rapariga com ar de quem estava a ver se eu a ignorava. — Posso ajudá-la com alguma coisa?

- Chamar a enfermeira para despachar isto e o meu médico porque eu tenho mais que fazer do que estar aqui sentada - cruzei os braços. estava ali sentada há dez minutos e a enfermeira que me tinha pedido para ficar aqui porque ela já vinha e o médico também tinham desaparecido

- O Dr. Isles. - respondi.lhe, revirando os olhos quando olhou para a minha perna - há algum problema ? - perguntei - nunca viu ninguém sem uma perna ? - disse num tom rude - Então se não se importa vá chama.lo porque a minha consulta devia ter começado à dez minutos e eu continuo aqui à espera

- Meninas estão na esquina à espera que as levem num carro para fazer o servicinho e eu não sou menina - respondi.lhe - pode ser que quando volte eu já não esteja aqui, já que esses dois minutinhos vao ser longos - revirei os olhos e encostei.me a parede. já estava farta de estar ali

- Ou eu posso ir.me embora para o trabalho e não por os pés neste hospital outra vez, ou o pé melhor dizendo - levantei.me e peguei na prótese para a por. estava farta de estar ali e nao era um enfermeiro com atitude que ia mandar em mim - voce não sabe nada sobre mim ou sobre o que me aconteceu por isso vá tratar dos seus pacientes ou o que quer que voce faça aqui

- Vá mas é.. - comecei a responder quando me pus de pé mas com a pressa de sair dali devo ter apertado mal a protese a volta da perna porque esta escorregou no chão e caiu, fazendo com que eu caisse por falta de equilibrio - fodasse - resmunguei com a mão na cabeça

Afastei.o quando me tentou ajudar, sentando.me no chão - merda - resmunguei entre dentes enquanto pegava na porcaria da prótese e a prendia bem à minha perna - Eu não vou para consultório nenhum, vou.me embora - disse.lhe, levando a mão à cabeça e ficando com sangue na palma da minha mão - não me faltava mais nada - respirei fundo e agarrei.me a uma cadeira para me levantar - Importa-se de sair da frente ?

respirei fundo e cruzei os braços - vai.me dar licença ou não? - voltei a perguntar enquanto o empurrava para o lado - Eu estou bem, isto não é nada. Se eu fosse fazer um curativo sempre que batia com a cabeça ou me aleijava não saia daqui

- Feche os olhos dois segundos e eu já não vou estar a sua frente - bufei para ver se ele entendia que eu estava farta de estar ali - o meu problema não é você, é este hospital! Eu não quero estar aqui e não vou estar presa nesta sala contra minha vontade

- Não fui eu que marquei a consulta. Eu tenho consultas marcadas desde o acidente e o médico tem a mania que sou sua filha ou assim porque as marcou a todas desde pequena e liga.me uma vez por mes para saber como estou. Vim para desmarcar o resto das minhas consultas e dizer que nao quero vir mais - respondi.lhe - entende o porque de ter vindo ? entao com licença - a minha cabeça começava a doer bastante o que não melhorava o meu humor

Respirei fundo e esfreguei as temporas. Ele estava a dar.me uma dor de cabeça desgraçada. Acabei por me sentar na maca - despache.se - disse.lhe, baixando a cabeça - antes que eu me arrependa

Respirei fundo, arrependendo.me de imediato da minha escolha. Porque é que eu simplesmente não tinha dito não - O que é que achas ? - perguntei - Eu acabei de bater com a cabeça, estou enervada, estou farta de estar aqui, é obvio que a cabeça me doi e tenho tonturas. o chão não é propriamente uma almofada