Bondi Beach

Mantive o meu olhar fixo no dele e sorri - Parece que sim. E já vi que também és ótimo a encontrar sítios que mais ninguém conhece. - disse referindo-me ao local deserto onde nos encontrávamos. Aquela pequena zona de areal encontrava-se completamente afastada da praia movimentada e tinha uma paisagem mesmo bonita - Hmm tenho a certeza não é só um talento, faz também parte da tua profissão. - tentei adivinhar. Acabei por me rir com o seu pedido de desculpas e comentário seguinte - Não estás a ser péssimo. - disse rindo - E mesmo que não fosse esse o objetivo inicial, - encolhi os ombros - sempre gostei de ser o mais espontânea possível. - disse a sorrir antes de voltar a encolher os ombros - E não se pode dizer que eu também não estava a olhar para ti.

- Já vi que sim. - comentei rindo e continuei a olhar para os seus olhos azuis hipnóticos voltando a sorrir quando também ele falou em espontaneidade. Baixei o olhar para a sua mão quando senti a mesma no meu braço depois de ficarmos mais próximos e levantei o olhar ao ouvi-lo falar, mantendo o meu olhar por alguns segundos nos seus lábios - Obrigada. - estava mais do que habituada a elogios daquele género no bar pelo que acabava por achar algo banal de se dizer mas a forma como ele me olhava tornava aquele comentário diferente - Tu também não és mesmo nada mau. - respondi de volta acabando com a distância que havia entre nós e juntando os nossos lábios.

Não que ainda houvesse grande distância entre nós mas aproximei-me ainda mais do seu corpo, levando também as minhas mãos ao seu pescoço enquanto o beijo passava de simples e inocente para algo mais desesperado e intenso. Depois do que tinha acontecido no passado, a última coisa que queria era voltar a entrar numa relação e continuava a não querer, daí estar numa praia deserta a beijar um estranho cujo nome desconhecia.

Tinha aprendido a sentir-me totalmente à-vontade comigo e com o meu corpo e apesar de trabalhar num bar de strip, estava longe de ser aquele tipo de rapariga que ia para a cama com qualquer um. A realidade é que já tinha passado muito tempo desde que isso tinha acontecido. E bem... aqui estava eu. O facto de nem sequer saber o nome dele e de tudo aquilo ter começado de forma tão inesperada tornava toda a situação mais excitante e era mesmo disso que eu precisava, algo descomprometido e de alguém que nunca mais voltaria a ver.
Mordi o lábio inferior quando nos afastámos e senti os seus olhos azuis postos em mim, numa pergunta silenciosa que rapidamente respondi ao ver-me livre da parte de cima do meu bikini e voltar a aproximar-me dele, juntando as nossas bocas uma vez mais.

Continuei a passar as minhas mãos pelos seu peito despido absorvendo todos os pormenores do mesmo enquanto nos beijávamos e nos mantínhamos o mais próximos possíveis um do outro. Ainda com os corpos entrelaçados e as bocas juntas acabamos deitados na areia, o que não era propriamente confortável mas naquele momento não conseguia pensar em mais nada que não beija-lo e mantê-lo perto do meu corpo. Suspirei prazerosamente, agora com os dedos entrelaçados no seu cabelo e novamente à procura dos seus lábios, descendo aos poucos as minhas mãos para o fato de mergulho que estava mais do que a estorvar aquele momento.

Era como se nada mais existisse. Viver no momento. era precisamente isso que fazíamos. A água tocava-nos nos pés mas nem estragava o clima. O que o estava a estragar era o meu maldito fato. Requereu algum tempo até quneo conseguisse tirar. A sua ajuda acelerou o processo. E já estava...ela já podia ver tudo de mim. Eu queria ver tudo dela. Beijei-a e entrelecei os meus dedos nos atilhos da sorte de baixo do bikini. Desenlacei-os com jeitinho.

Os meus pensamentos estavam numa discussão acesa entre si; de um lado o meu cérebro insistia que não devia de estar ali com um estranho, mais do que preparada para o que se seguiria, enquanto a outra parte me mandava viver a vida e aproveitar o momento já que não o fazia há muito tempo e também o merecia. Claro que foi esta última parte a que ganhou.
O meu olhar desceu momentaneamente para o corpo dele agora totalmente despedido, apreciando todos os pormenores do mesmo. Rapidamente os nossos corpos se juntaram assim como os nossos lábios e frenética por mais, só desejei que ele se despachasse a tirar a única peça de roupa que eu ainda tinha vestido e a única barreira entre nós. Credo, parecia que fazia aquilo todos os dias; sexo com um completo estranho numa praia deserta mas nada disso me importava naquele momento. Voltei a entrelaçar os dedos no seu cabelo loiro para o puxar mais para mim enquanto passava os lábios e os dentes pelo seu maxilar e pescoço.

Mordi o meu labio inferior com força tentando controlar as minhas emoções mas não havia nada que pudesse fazer naquele momento, nem mais nada que quisesse fazer, a não ser deixar-me levar - Tu também não és nada mau. - murmurei num tom ligeiramente mais rouco. A minha pele fervia, os meus pensamentos estavam todos emarenhados e não consegui conter o gemido quando ele levou os dedos à minha intimidade, provocando-me e deixando-me cada vez mais excitada. Mantive uma das minhas mãos entrelaçadas no seu cabelo enquanto a outra passava pelas suas costas despidas. Coloquei as minhas pernas ao redor do seu quadril, puxando-o mais para mim e de forma a ir mais fundo depois de me penetrar. Precisava daquilo. Precisava de mais.

Pendi a cabeça para trás, mordendo o lábio inferior com força ao sentir a boca dele no meu peito e as investidas tornaram-se mais fortes e intensas. Passei as minhas mãos pelas suas costas despidas até lhe chegar ao rabo, cravando as unhas no mesmo para o puxar mais para mim, investindo mais fundo e mais forte. Mais tarde podia arrepender-me de tudo aquilo mas nunca mais o ia ver e naquele momento não conseguia pensar em mais nada a não ser que precisava daquilo. Soltei um suspiro baixo e um gemido prazeroso ao sentir-me bastante perto do orgasmo.

Os gemidos dela eram todo o incentivo que eu precisava a levar aquelas investidas msis fundo.  Os nossos corpos colidiam um no outro cada vez com mais força. Mais profundos. Unidos. Beijei-a com algums urgência sentindo que estava prestes a cair naquela espiral de prazer que era o orgasmo.

Não demorou muito a que ambos chegássemos ao orgasmo. O meu corpo foi relaxando aos poucos, sentindo-me mais mole e cansada mas tinha de sair dali, tinha de voltar para casa. Merda.
- Tenho de ir. - disse tirando-o de cima de mim e apressei-me a procurar pelo meu bikini que tinha sido retirado e atirado para perto - Isto foi inesperado e interessante. - mordi o lábio inferior com força quando o meu olhar encontrou o seu corpo despido; ele era sem dúvida alguém que eu não me importava de ficar a observar e... tudo o resto mas precisava de ir para casa, para o meu filho, merda, merda, merda - Vemo-nos por aí. - aproximei-me dele para lhe dar um beijo rápido antes de agarrar na minha prancha e sair dali. Ainda tinha os pensamentos tão nublados com o que tinha acabado de acontecer que não conseguia pensar em mais nada. Nem no facto de ter acabado de fazer sexo não seguro com um estranho...

Assenti perante as suas palavras e sorri.
- Vou levar-te a um sítio, então. - pisquei-lhe o olho, divertido.
Conduzi os cerca de vinte minutos que nos separavam da Bondi Beach. Como era o final da tarde, o ambiente estaria mais calmo, e poderíamos apenas passear por ali por um bocado. Depois de algum tempo fechado num sítio, o que mais queria era poder um pouco de ar puro e sentir o cheiro a maresia, e esperava que ela não se importasse com isso.
Não lhe disse para onde estavamos a ir, mas não deve ter sido complicado adivinhar quando o carro apenas passava por paisagens compostas pelo mar do Oceano Pacífico. Estacionei o carro na primeira vaga que encontrei quando chegamos a Bondi Beach e desliguei o motor, saindo do mesmo.
Passamos cerca de uma hora a andar pela praia, ameaçando molhar-nos só para provocar. Também fomos falando até o sol se estar a pôr e a água parecer brilhar com a luz. Era qualquer coisa de incrível.
- Pronta para irmos? - virei-me para Kaylee, depois de uns segundos em silêncio, apenas a observar a explosão de cores à nossa volta.

- Ai é? - olhei-o de forma curiosa quando disse que ma ia levar a um lado.- até tenho medo, Walker.- brinquei, recostando-me no banco e acabei por não fazer mais perguntas, deixando-o levar-me para onde quisesse.
E para ser sincera, não era preciso pensar muito para perceber até onde estávamos a ir. Assim que a paisagem passou de cidade para mar, percebi que nos estávamos a dirigir para Bondi Beach. Este era, sem dúvida alguma, um dos meus sítios favoritos aqui. Para além do meu parque de sempre, como era óbvio. Mas o mar tinha um poder especial de me acalmar. E sempre que me era possível dirigia-me até ali para desenhar e apreciar a vista. E foi isso mesmo que fizemos. Assim que chegámos na praia e Noah estacionou, ficámos a passear pela praia durante um bom bocado. E entre provocações, tentativas de nos molharmos mutuamente, o tempo passou mais depressa do que aquilo que estava à espera. A luz do dia foi baixando e a praia ficou ainda mais bonita do que aquilo que já era. Dei por mim a parar e a apreciar a vista e foi impossível não sorrir. Estava feliz por estar ali...com Noah. Sim, por muito que não quisesse admitir. Ele era uma boa companhia e...e nada, era só isso. Mordi o meu lábio inferior de uma forma distraída, mas fui obrigada a concentrar-me quando a voz de Noah se fez ouvir.
- Ah? Sim! - respondi quase de forma automática, recompondo-me logo de seguida.- podemos ir.

Observei Kaylee por uns breves segundos, notando a sua distração e encantamento com as cores que nos rodeavam. O seu tom de pele estava mais dourado do que nunca, influenciado pelo tom do sol. Se pegasse na minha paleta naquele momento, teria, sem dúvida, que adicionar algum amarelo ou cor de laranja. E teria de usar pinceladas suaves para marcar os seus traços. Sim, sem dúvida. Pinceladas suaves, marcadas com tons luminosos e...
Que raio, Noah Walker?
Assenti quando ela disse que poderíamos ir, quebrando o encantamento. A luz continuava a mesma e o sol descia pelo horizonte, muito lentamente.
- Podemos esperar mais um bocado, se quiseres. - acabei por dizer num tom de voz baixo, quase como se tivesse medo de quebrar aquele silêncio. Não me parecia que fossemos os únicos ali, naquele momento, mas não se ouviam vozes vindas de lado nenhum. Olhei para o meu lado direito e comprovei que sim, não estavamos sozinhos, ao ver um grupo sentado ao redor de uma fogueira, em silêncio, a observar o céu mudar de cor e o oceano a ser o seu reflexo.
Afinal, o encantamento continuava. Por aquele lado, numa pintura, as silhuetas seriam diferentes, mais disformes. Os tons seriam ligeiramente mais escuros, opondo-se a Kaylee.
Voltei a olhar para ela por breves segundos. Mais dourado. Um pouquinho mais. Talvez ficasse bem delinear a sua sombra na areia. Não sabia bem.
Apesar dos meus pensamentos, sabia que isso eram apenas isso: pensamentos. Não haveria ali nenhuma tela, nem os tons seriam exatamente iguais, dado o modo como as cores pareciam se alterar em frente aos meus olhos.

Assim que virei a minha atenção para Noah, apanhei-o a olhar para mim. Engoli em seco, sustendo a respiração durante breves segundos, e escusado será dizer que estava a morder o lábio mais uma vez. Acho que aquilo começava a ser um tique. E ainda que me debatesse para desviar o olhar da sua cara, isso tornou-se impossível assim que reparei na forma como a luz incidia no azul do seu olhar. Nunca tinha reparado que os seus olhos eram tão azuis e tão...bonitos. Noah era bonito, era impossível dizer o contrário. Caso contrário não teria metade das raparigas da faculdade atrás dele. Mas agora, naquele momento, com aquela luz...o seu rosto estava divinal. Deixei-me perscrutar o seu rosto, aproveitando para apreciar cada pormenor iluminado e quando dei por mim, os meus olhos pararam na sua boca. Ainda não me tinha esquecido do beijo que me tinha dado à tarde e do quanto eu queria que ele se tivesse repetido. Kaylee?
Estremeci ao ouvir a sua voz, obrigando-me a desviar o olhar quase de forma automática, mas estava tão atordoada com os meus pensamentos que mal percebi o que me dissera.
- Eu...- voltei a olhá-lo, sentindo a minha boca secar quando o fiz.- oh, que se lixe.- atirei, sem ter a certeza de que ele me ouvia, e quando dei por mim, já tinha eliminado a curta distância que nos separava, colando os meus lábios aos seus.

Eu sentia que o meu corpo estava num mundo qualquer, ou numa realidade diferentes, mas Kaylee não parecia muito melhor. Apercebi-me dos seus olhares na minha direção e, quando a olhei, não fui capaz de desviar a minha atenção. Não sabia o que era - se era aquele encantamento da luz do sol e o brilhante da água, ou se era o facto de ela me estar a olhar daquela maneira.
Notei que Kaylee me tentou responder de uma forma coerente, mas as palavras ficaram perdidas mesmo antes de deixaram os seus lábios. Ouvia murmurar qualquer coisa que não consegui perceber bem e nem tive tempo de pensar porque, segundos depois, já os seus lábios voltavam a cobrir os meus. Aquele acabou por ser o meu despertar para a realidade, de certa forma. Os meus braços ganharam vida própria e rodeei a sua cintura com os mesmos, puxando-a para mim enquanto permitia que aquele beijo se prolongasse. Agora a luz iluminava-nos aos dois, mas eu já nem era capaz de pensar nela.

Eu não sabia porque é que aquilo estava a acontecer, mas naquele momento eu pouco ou nada queria saber de justificações. Para dizer a verdade, também não era a primeira vez que eu o beijava, portanto...
Rodeei o seu pescoço com os meus braços, ao mesmo tempo que o senti rodear-me a cintura e deixei que o meu corpo se encostasse ao seu, intensificando o beijo. Naquele momento, já não me interessava a luz bonita ou a paisagem de cortar a respiração; naquele momento eu só me conseguia concentrar nele e naquele beijo que sabia a Noah e a maresia.