China Doll Restaurant

Escolhi a mesa que quero, porque enfim sou o Tyrone King né. Despachei a empregadita mal a sô dona Natasha fez o pedido dela e olhei-a, seriamente. - Não fui eu que fiz algo à tua colega, mas acho que sem querer descobri quem a tem, e o negócio que por aí anda.

— Quanta piadinha tem a menina, nossa! — Afirmei num sotaque engraçado, para dar mais ênfase ao sarcasmo. — Estraguei-te a vida como, diz lá? Sinceramente não vejo estrago nenhum. — Encolhi os ombros e prossegui. — Eu não posso andar a espalhar coisas destas assim a qualquer um, Tasha. Mas pelo que entendi querem fazer-te o mesmo. Por isso, ainda bem que te encontrei aqui.

— Se te estou a contar é porque é exatamente o contrário. — Resmunguei, revirando os olhos. — Foda-se. Estou com ar de quem não quer saber? Esta merda é séria, não quero que te aconteça uma cena destas, Tasha. Não vou permitir que te aconteça tal coisa. — Respondi, com o meu ar mais sério de todos.

- Só depende de ti se algo me acontece ou não Tyrone, tu sabes tão bem... - Deixei escapar um suspiro e baixei o olhar para as minhas mãos. Era nas dele que eu estava há tantos anos! - O que é que me querem fazer? - Questionei cabisbaixa.

Respirei fundo e acariciei a mão dela, segurando-a. — Não te aconteceu nada até agora pois não? Então é assim que vai continuar, Tash.. E sinceramente é melhor que não saibas. Não é nada bom, e prefiro que não fiques a sismar nisso. É melhor assim, é para o teu bem, Tasha.

- Desde quando é que te importas comigo? - Olhei-o soltando a minha mão da dele. - Sempre fui um brinquedo para ti! Querias fazer de mim o que entendesses como eu não o permiti, meteste-me os patins como se de um brinquedo me tratasse. - Relembrei magoada. Como é que eu o conseguia amar depois de tudo?! - Porquê agora tanto interesse?

— Já paraste para pensar que se calhar as coisas não são bem assim como tu pensas? Já pensaste que se eu fiz o que fiz, foi, talvez, por uma outra razão? Por um motivo mais forte? — Suspirei e desviei o olhar, aproveitando para olhar para a paisagem que dava para mirar dali. — Porque agora eu não consigo fazer tudo sozinho, não dá para eu simplesmente mexer uns cordelinhos e manter-te protegida, a salvo. Tens de ter cuidado tu também, para não aceitares contratos manhosos como a Kylie, para teres cuidado com quem interages diariamente no teu mundo de modelo, fama e afins.

- Por um motivo mais forte, estou a ver... - Encolhi os ombros resignada e revirei ligeiramente os olhos. - Vou estar por aqui uns dois meses sem trabalho por isso não te preocupes, qualquer coisa suspeita eu digo-te... - Murmurei vendo o empregado chegar com a comida.

— Obrigada... — Falei, baixinho, ligeiramente mais descansado. Descansado a 100% nunca iria ficar, mas pelo menos sei que ela vai ter cuidado. — Diz aí tudo de mal que eu te fiz, ou a pior coisa que te fez odiar-me. Talvez eu possa explicar. — Murmurei, começando a comer. Há coisas que eu não posso contar, e coisas que fiz para a proteger. Mal sabe ela, e se calhar nunca irá saber de tudo.

Respirei fundo. — Teve de ser assim, Natasha. Fui obrigado a inventar coisas e a espalhá-las de propósito para o teu bem. Já está feito, agora já não posso voltar atrás. Mas era o que tinha de ser feito... — Apenas comentei, voltando a comer, reparando que estava a chorar. Coloquei a mão livre sobre uma das suas mãos e fiquei a olhar para ela.

- Não o devias ter feito porque me magoaste mesmo muito. - Disse enquanto olhava nos olhos. - Prometeste que me protegias para o resto da tua vida, prometeste-me tudo é mais alguma coisa...olha para nós agora? - Apontei-nos. - Tyrone eu não precisava de ti longe, simplesmente eu preciso de ti ao meu lado. - Afirmei enquanto limpava as minhas bochechas rosadas.

— Tu não irias afastar-te de mim mesmo que eu te explicasse que era o melhor para ti, Tasha. Eu fui obrigado a arranjar aquela encenação de merda toda. Achas que não me custou a mim? Achas que andei a montar merdinhas só porque não tinha mais nada para fazer? — Suspirei, limpando os lábios com o guardanapo. — As coisas ficaram demasiado perigosas... Tive de o fazer para te proteger. Eu tive de o fazer, Tasha... E continuei a fazê-lo sempre.

- Eu não quero então! - Soluçei. - Preciso de ti, ando doida... - Afirmei levando as mãos ao meu cabelo. - A tua mãe ligou-me ontem, convidou-me para ir às compras com ela. Com que cara lhe vou aparecer à frente Tyrone? - Olhei-o desesperada. Não ia aguentar fingir que estava tudo bem, ele sabia-o e sabe também que se a sua progenitora sabe que Natasha e Tyrone já nada têm a ver, dava-lhe no mínimo um AVC.

Respirei fundo. — Tasha... — Comecei, olhando-a seriamente. — Achas que não preciso de ti? Que não te quero? — Suspirei. — Eles queriam matar-te. Eles iam fazê-lo... Foi horrível para mim. Tive encenar tudo para parecer convincente, mas nada foi verdade. Prometo, Natasha. Fi-lo para te salvar.

- E o que pretendes fazer agora? - Questionei. Gostava sinceramente de saber o que esperar dele. Se ainda podia ter esperanças por exemplo ou se mais valia simplesmente desistir. - E o que é que eu digo à tua mãe?

— Tash... Eu quero estar contigo. Mas naquela altura eu fui obrigado a fazer o que fiz, ou perdia-te para sempre. Não me perdoaria se algo.te acontecesse, ainda por cima por minha culpa. — Respirei fundo. — Eu falo com ela. Digo-lhe que não pode ser porque temos algo marcado.

— Não estarei se tu aceitares. Podíamos... Marcar algo. Tentar acertar as coisas. A seu tempo, claro. Eu compreendo que estejas muito magoada ainda, e eu percebo o teu lado. Mas tenta meter-te no meu também. Só te peço para pensares nisso... — Suspirei e larguei os talheres, deixando quase toda a comida lá.

Sorri-lhe, abanando a cabeça. — Para ti eu tenho sempre tempo, mesmo sem tu saberes. Mesmo estando longe um do outro, eu acabei por estar sempre por perto. Estive sempre atento, para te proteger, Tasha. — Bebi um pouco e fiquei a olhar para ela.