Sydney Habor
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Mensagem por Sir Peter 31.08.17 23:34

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Mensagem por Roy Denis 31.08.17 23:51

- Obrigado - agradeci quando me deu uma manta. Embrulhei-me com ela depois de tirar a camisa e encolhi-me como se me conseguisse aquecer melhor. No banco de jardim tinha estado confortável com a chuva a bater-me, mas ali parecia que se tinha tornado inverno. Encostei a cabeça ao suporte do banco e fitei-a, sorrindo por sentir que me daria uma oportunidade. - Ainda não fui ao penhasco. - Sugeri, não conseguindo olhá-la enquanto falava.
O penhasco era um dos locais com mais memórias, queria voltar a revivê-las. Não só tinha conhecido Chloe e Tobias ali, como também tinha sido o local que eu e Essie preferíamos quando queríamos estar juntos. Também estava a tentar evitá-lo, não pelas memórias boas que tinha de lá, mas pela altura que existia entre o cimo e o mar que batia nas rochas. Nunca estive triste o suficiente para pensar no fim, mas depois do que tinha acontecido com a minha família, era melhor não estar lá sozinho.
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Mensagem por Alessia Campbell 01.09.17 0:00

Assenti quando me agradeceu e senti o meu coração falhar um par de batidas quando Roy mencionou que ainda não estivera no penhasco. Já não colocava lá os pés à cerca de dois anos, a última vez em que Chloe me entrara lá, num dia de chuva torrencial, sentada em cima de um tronco, a olhar para as ondas. Na altura, eu estava tão perto da margem que ela tivera medo de me assustar e me fazer cair em consequência dos seus atos.
- Penhasco. - murmurei, suspirando, e acabei por assentir novamente.
Finalmente liguei o carro, ouvindo o motor ronronar. Durante todo o caminho, mantive-me em silêncio, ouvindo a música misturar-se com o som da chuva do exterior.
Andei pelas ruas apertadas, conduzindo com cuidado. Àquela hora, ninguém andaria por ali, mas a chuva fazia com que o piso se tornasse mais escorregadio.
Só parei o carro quando chegamos a uma orla de árvores, a cerca de dez metros do final. Sempre ouvira histórias misteriosas e assustadoras daquele sítio, mas sempre me sentira demasiado calma ali.
- Só quero deixar claro uma coisa... - reuni coragem de começar, depois de ter desligado o carro. - Por agora, eu estou chateada por não me teres avisado. A partir do momento em que começares a falar, eu posso ficar chateada por teres partido. - avisei com um suspiro triste.
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Mensagem por Roy Denis 01.09.17 0:09

Enquanto ela conduzia, eu fui olhando para as ruas. Algumas estava diferentes, com mais lojas e mais movimento, mas outras continuavam iguais. Eu ainda mal tinha visto o que quer que fosse, depois de chegar tinha-me trancado no meu novo quarto. A melhor maneira de descobrir tudo não era enfiado no quarto, mas só me encontrara preparado para enfrentar tudo hoje de manhã, quando me decidi vestir e sair para o casamento. A minha mãe ficava impressionada, mas não por muito tempo, ela andava distante e trémula, já não era a minha mãe.
Olhei em volta assim que percebi que chegámos. Estava igual. Talvez houvesse mais árvores, mas parecia continuar como eu o tinha deixado. A voz de Alessia distraiu-me e eu engoli em seco quando a ouvi.
- Não te posso dar garantias de que fiques mais ou menos chateada - murmurei, tirando o cinto e agradecendo ao deus da chuva por ter parado de chover. - Vamos só ter cuidado para não escorregar. - Saí do carro depois de voltar a vestir a minha camisa e estiquei-lhe a mão para a ajudar.
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Mensagem por Alessia Campbell 01.09.17 0:16

A chuva parecia ter-se esquecido que aquele sítio pertencia ao mundo. Isso, ou parara de chover no momento exato para que pudéssemos sair do carro e apreciar o mar revolto lá em baixo.
Assenti com as suas palavras e suspirei.
- Não quero ficar nem mais, nem menos chateada. - disse-lhe num tom de resmungo. - Quero respostas. Todas elas. - abanei a cabeça.
Observei-o a vestir novamente a sua camisa e sair do carro. Abri a porta e aceitei a sua mão, saindo para o exterior. Vi o vestido quase roçar no chão, contudo, naquele momento, não me importei.
Peguei nas chaves e fechei a porta, caminhando até mais perto do fim das rochas. Senti-a o vento brincar com os meus cabelos e com o meu vestido, fazendo-os esvoaçar livremente.
Permaneci em silêncio, sem querer fazer qualquer pergunta. Estava a gostar daquele silêncio e do seu toque, mas ele teria que começar a falar a qualquer momento. Fosse quando fosse.
Observei a lua. Ela brilhava tanto que, por momentos, parecia que estava a rir-se da minha cara. Na cara da Alessia adulta, que voltara àquele sítio, depois de tantas lágrimas derramadas.
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Mensagem por Roy Denis 01.09.17 0:42

- Não tenho todas as respostas. - Disse de imediato. Não queria que ela ficasse a pensar que ia ficar totalmente esclarecida, porque nem eu o estava. Ela só ia saber o que eu sabia e apenas o que tinha a certeza de que era verdade - o que não era muito. Peguei com gentileza na sua mão, andando lentamente até ao fim das rochas, onde já se via o mar revolto abaixo de nós. Respirei fundo, absorvendo o cheiro a maresia e deixando-me que me acalmasse.
Não ia largar a sua mão, tinha estado tanto tempo sem ela que se a largasse tinha medo de desaparecer e acordar no apartamento em França. Sentei-me em cima de uma rocha que estava plana o suficiente para estarmos confortáveis e fitei-a, ganhando coragem para não lhe dar nada de concreto. - Não tenho muito - voltei a repetir - não consigo dizer-te porque é que fui. - Ela ficou em silêncio, à espera de ouvir mais, e eu tive que falar e explicar-lhe melhor. Olhei para a sua mão e tive o descaramento de passar os meus dedos por ela, pela sua pele, procurando uma distração. - No dia em que nos vimos pela última vez, quando cheguei a casa, a minha mãe estava aflita, mas nunca me disse porquê. Acabei por ir para o meu quarto, a pensar que era só uma das fitas dela, mas depois o meu pai chegou, eles discutiram, não consegui entender nada... lembro-me dele falar da polícia, mas depois tive que puxar o meu irmão para fora da confusão e levá-lo para o quarto dele. - Cerrei o maxilar com as memórias. Detestava lembrar-me daquilo. - Quando eles voltaram para nos buscar, disseram para fazermos as malas com o que era de mais preciso. - Desviei o olhar para a lua brilhante acima de nós. Lembrava-me de ter tentado falar com ela enquanto íamos até ao aeroporto. - A minha mãe tirou-nos os telemóveis e os computadores, deitou-os num lixo qualquer, e só nos disse que não podíamos falar com ninguém. Em França, quando chegámos, ela voltou a fazer o mesmo com os telemóveis que conseguimos arranjar para nós. - Desviei o olhar para ela - eu queria ter falado com vocês, mas com o tempo a minha mãe convenceu-me de que era perigoso ter contacto com alguém do passado. O meu pai até arranjou maneira de nos mudar os nomes... aquilo parecia grave. - Não gostava de admitir que tinha tido medo, mas era essa a verdade. - Eu chamo-m-- eu chamava-me Evan Dun. Era engraçado, cá eu era um francês que viva em Sydney, lá eu era um Australiano que vivia em França. - Sorri sem vontade. - Eles nunca se descuidaram, nunca disseram o que é que tinha acontecido para termos fugido daquela forma.
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Mensagem por Alessia Campbell 01.09.17 10:23

Observei-o a sentar-se numa rocha, mas eu acabei por não o fazer, sabendo que ficaria demasiado desconfortável e que iria arruinar o vestido pela certa. Não que eu estivesse muito preocupada com o vestido naquele momento, na realidade. Mas era uma maneira de manter um bocado a distância, mesmo que a minha mão continuasse na dele.
Ouvi-o em silêncio, sentindo a necessidade de desviar o olhar quando disse "no dia em que nos vimos pela última vez". Observei as ondas a baterem nas rochas, continuando concentrada nas palavras de Roy.
Quando finalmente reuni a coragem para voltar a olhar nos seus olhos, Roy estava a revelar-me o seu nome. O seu outro nome. Ele vivera em França naqueles últimos cinco anos? Como é que aquilo era a vida real, quando parecia tão tirado de um filme?
Suponho que, talvez, a vida real seja mais lixada do que os filmes tentam fazer parecer.
Conseguia ver a dor nos seus olhos e o quão triste tinha sido o seu sorriso.
- Eras feliz lá? - dei por mim a murmurar, minutos depois do silêncio, apenas ouvindo o bater das ondas nas rochas.  Senti-a os meus olhos marejados, prontos para libertas as lágrimas a qualquer momento, tal como na altura em que nos reencontramos, umas meras horas antes. - A ser o Evan Dun? A não ser o Roy Denis? - continuei, engolindo em seco e obrigando-me a manter o seu olhar.
Depois de tudo o que ele dissera, nem eu própria conseguia compreender como é que aquela era a minha primeira pergunta. Talvez uma parte de mim se sentisse mal com a sua confusão tão palpável - ele fora para França com toda a família, deixando tudo para trás, de um dia para o outro, sem ter qualquer justificação. E a outra parte esperava, então, que a vida dele tivesse sido boa durante esses anos, independentemente do estado em que a sua partida me deixara.
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Mensagem por Roy Denis 01.09.17 10:52

Depois de algum tempo em silêncio acreditei que ela não fosse dizer nada, então fitei-a e só não continuei a minha história, porque percebi que estava pronta para falar. Levantei as sobrancelhas, surpreso pela sua pergunta. Ela podia ter-me perguntado qualquer outra coisa, mas decidiu perguntar se era feliz... Foi a minha vez de ficar em silêncio, a pensar sobre o assunto. Evan Dun não era Roy Denis, mas não deixava de ser eu. Não tinha passado a ser um rapaz extrovertido que saía todos os dias para festas, era apenas uma pessoa diferente, no mesmo enquadramento da minha personalidade. Evan Dun era mais agressivo, mais chateado com a vida, mais... era um excesso de "mais".
- Eu passei estes anos todos a pensar nesta cidade, mesmo sendo outra pessoa, - abanei a cabeça - eu não era feliz. - Admiti. - O Evan... não é a melhor pessoa. - Clareei a garganta, lembrando-me da minha explosão para com Justine. Podia ter sido pior que aquilo, a minha sorte tinha sido Toby e Chloe ao meu lado.
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Mensagem por Alessia Campbell 01.09.17 10:58

Depois da minha questão, foi ele quem ficou em silêncio. Deixei de o fitar, não querendo que ele se sentisse pressionado a dar-me a resposta que eu queria ouvir.
Quando finalmente decidiu responder-me, mantive-me em silêncio uma vez mais, sentindo o meu corpo estremecer quando ele me deu a confirmação de que não era feliz. Não era aquilo que eu queria. Ele deveria ter-me dito que sim. Só isso me iria descansar e fazer pensar que, talvez, só talvez, a sua ida pudesse ter valido a pena para um de nós.
- Quem é que tu és agora? - perguntei-lhe, voltando a encará-lo. - És o Roy ou o Evan? - murmurei, sentindo vontade de me afastar dele por um bocado. Não o fiz. Não conseguia fugir ao seu toque naquele momento.
Aquelas perguntas. Perguntas que evitavam chegar à realidade de tudo aquilo. Tinha tanto medo de vir a descobrir que os rumores eram verdade, que parecia estar a adiar toda a conversa. Talvez eu ainda não estivesse preparada para saber de tudo, pelo menos, não comigo a conduzir a conversa.
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Mensagem por Roy Denis 01.09.17 11:38

Juntei as sobrancelhas, aquela podia ser uma conversa que ninguém de fora conseguisse entender. Como é que uma pessoa consegue ser duas? Essa era uma das muitas questões que eu não conseguia responder e uma das muitas razões para eu me ter trancado no meu quarto durante uma semana, antes de sair hoje. Tinha ficado a pensar no que fazer, como fazer e como é que eu próprio ia ser.
Estar em França, completamente alienado e obrigado a ficar longe das pessoas de quem gostava e, ainda com uma nova identidade, tinha-me forçado a adaptar às situações. Voltar à cidade em que tinha crescido, voltar a estar e a ver amigos que tinha deixado há cinco anos atrás... se fechasse os olhos com força, conseguia sentir que não tinha ido embora; o dia de hoje, por pior que fosse por causa dos murmúrios, tinha-me feito esquecer de Evan.
- Suponho que seja os dois, todos nós mudámos, não foi? - Perguntei, não esperando uma resposta dela. - Se eu estou aqui... é porque fui persistente - respirei fundo, sabendo que o que ia contar me ia fazer sentir a despedaçar - o Evan teve um grande efeito nisso - ri-me um pouco para afastar o meu próprio constrangimento - caso contrário nunca teria convencido a minha mãe a voltar. - Admiti. Engoli em seco, afastando a minha mão na sua e esfregando uma delas no meu cabelo que já estava seco. Não sabia como contar o resto, mas só me estava a preparar para o fazer e já havia sensações dolorosas a percorrer-me o corpo. - Nós fizemos um esforço para voltar a ser uma família, o meu irmão estava a tornar-se num miúdo frustrado e... não muito diferente de mim, na verdade, mas não estava a ir por bons caminhos - suspirei. -Depois de ser maior de idade, eu queria voltar com ele, mas... os meus pais teimavam que era perigoso e que não o iam deixar a vir comigo. Ele só tinha quinze na altura, então não pude fazer nada... - Tentei explicar-lhe. Talvez, no fim de toda a nossa conversa, ela não me fosse entender e continuar chateada e magoada comigo, mas era melhor contar-lhe toda a verdade do que deixá-la na ignorância. - Mas agora voltei com a minha mãe. - Murmurei, apoiando a cabeça em ambas as mãos. Não conseguia continuar.
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Mensagem por Alessia Campbell 01.09.17 11:52

Notei que Roy ficou a pensar na resposta por algum tempo, então permaneci em silêncio, esperando voltar a ouvir a sua voz.
Quando começou a falar, não abri a boca, alternando o meu olhar entre ele e o que nos rodeava. A lua parecia brilhar cada vez menos, ficando coberta pelas nuvens que passavam à sua frente. Era como se as nuvens nos estivessem a proteger de todo o seu brilho, de toda a sua atenção. 
Houve um momento em que Roy soltou a minha mão e eu senti aquela ausência de toque como se fosse uma dor física. O afastamento. Outra vez. Mesmo que ele ainda continuasse ali, à minha frente.
Mas agora voltei com a minha mãe. - ouvi a sua voz murmurar, fraca e triste. Olhei para ele e vi que se encontrava com as mãos na testa, apoiando a sua cabeça.
- Ei... - murmurei, aproximando-me dele. - Está tudo bem. - continuei no mesmo tom de voz, sem saber realmente o que fazer.
Coloquei-me de joelhos em cima da rocha, à sua frente, não sentindo a minha pele nua a ser arranhada pela superfície.
- Roy. - chamei, colocando uma mão debaixo do seu queixo. - Não tens que continuar a falar agora. - assegurei, tentando aproximar-me mais dele.
Não queria pressioná-lo e afastá-lo, mas odiava vê-lo assim.
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Mensagem por Roy Denis 01.09.17 12:06

Olhei Alessia ao sentir a sua mão no meu queixo, mas rapidamente levantei o meu olhar para a lua e algumas das estrelas que as nuvens deixavam ver. Ao contrário do que ela dizia, eu precisava de falar, ela ia acabar por saber e preferia que, desta vez, ouvisse por mim. Cruzei os braços ao peito, inclinando o meu corpo para perto dela e engoli em seco mais uma vez, ganhando coragem para falar sobre o assunto.
- O meu irmão e o meu pai morreram num incêndio no nosso apartamento. - Disse de rajada, pressionando um lábio no outro, à espera que o meu coração acalmasse. Eu não ia chorar, ainda não tinha conseguido depois de tudo, mas isso não me impedia de me sentir a desabar. Cerrei o maxilar antes de continuar, tinha que dizer tudo de uma vez antes que me arrependesse de estar a falar no assunto. - A minha mãe diz que foi um acidente, mas eu tenho a certeza de que não foi. Não pode ter sido um acidente. - Abanei a cabeça, certo do que falava. - Eles não morreram num acidente!
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Mensagem por Alessia Campbell 01.09.17 12:13

Ele ficou em silêncio por um bocado, mas, assim que voltou a falar, o seu corpo inclinou-se para mais perto do meu também.
Senti-me paralisar por momentos, quando me informou da morte do seu pai e do seu irmão mais novo. Não sabia como reagir àquilo. Teria sido por isso que ele voltara? Mas porquê voltar para a Austrália, se tinha acontecido em França?
Eram questões que eu não era capaz de fazer. Não depois de ver o seu estado. Não depois de ele dizer que não acreditava que o incêndio tivesse sido um acidente.
Porquê que ele dizia aquilo com tanta convicção?
- Lamento imenso. - murmurei, passando uma das minhas mãos pela sua cara, enquanto eu me apoiava na outra para não escorregar. A rocha ainda estava molhada e tão fria ao meu toque.
Passei a mão pelo seu queixo quando notei que o seu maxilar estava cerrado, subindo com o polegar para os seus lábios enquanto os encarava.
- Lamento. - voltei a repetir ainda mais baixinho, sentindo vontade de chorar. Será que a vida não poderia ser um bocado mais justa? Ele fora obrigado a fugir, sem saber o porquê, e depois passara por aquilo. Não era justo.
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Mensagem por Roy Denis 01.09.17 12:45

Emoções eram as substâncias mais perigosas que corriam dentro de mim. Eu fazia coisas que não queria, ou que queria demasiado mas não eram corretas, quando sentia demais. Isso era uma prenda de Evan, era algo em que me tinha tornado.
Naquele momento, emoções eram o que não faltava, por isso, fechei os olhos. Fechei os olhos e permiti-me sentir o seu toque, mas não me deixei levar pela proximidade, fazendo apenas a cabeça cair no seu ombro. As minhas mãos desenlaçaram-se do meu peito para estar à sua volta, numa posição que fosse confortável para os dois.
- Não fiques com pena só porque alguns membros da minha família morreram. - Murmurei ao fim de algum tempo. - Não penses que me perdoas só porque estás triste por mim, se o fizeres, com o tempo vais perceber que afinal nada está perdoado. - Abri os olhos e afastei-me um pouco. - Eu só voltei porque isto aconteceu, caso contrário... continuaria o mesmo cobarde e provavelmente nunca mais nos veríamos. - Por alguma razão, parte de mim queria que ela não me perdoasse já, precisava de ter certeza de que ela não sentia pena.
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Mensagem por Alessia Campbell 01.09.17 12:56

Permaneci em silêncio, sentindo a sua testa contra o meu ombros e os seus braços à minha volta. Com o seu aperto, acabei por ser capaz de tirar uma mão da rocha e mexi na sua nuca, ouvindo-o murmurar contra o meu casaco.
- Eu não te perdoei. E não estou com pena. - murmurei num resmungo, sem saber exatamente o que estava a sentir naquele momento. 
Fechei os olhos com força quando ele admitiu que, se aquilo não tivesse acontecido, provavelmente nunca nos voltaríamos a ver.
- Bom saber. - ironizei, acabando por me afastar finalmente. Levantei-me da rocha fria e sacudi os meus joelhos, verificando pequenos arranhões. - Ao menos, começas a chegar ao ponto de admitir que nem farias um esforço para, pelo menos, entrar em contacto. - abanei a cabeça. - Durante todos estes anos, Roy - disse, decidida a falar. - Eu não mudei a porcaria do meu número. Não mudei e-mails, redes sociais. Sempre a achar que, um dia, tu irias aparecer. - soltei um riso irónico. - Havia alturas em que eu parava a pensar que te tinha visto. Eu estava a ficar paranóica. Completamente paranóica. - voltei a abanar a cabeça e limpei as minhas lágrimas rapidamente. - Então, se vais achar que eu lamentar o que te trouxe aqui é sentir pena de ti e te perdoar... - fiz uma pequena pausa. - Tu estás enganado. Porque tudo isto pode ter sido injusto. Podes não saber a razão para teres ido. Mas eu sei a porcaria da razão que me partiu o coração. - disse mais alto, agora a alguns metros dele. - Vou para o carro. - resmunguei, sentindo-me chateada e com raiva. Aquelas suas palavras, aquela sua confissão de que não voltaria, tinham ligado o interruptor dentro de mim. - Quando estiveres pronto, eu deixo-te em casa. - diminui o tom de voz e caminhei rapidamente em direção ao carro, entrando para o mesmo e fechando a porta.
Não consegui mais combater as lágrimas. Tudo era demasiado para mim naquele momento. Tinha noção de que não sabia nem metade da história, certamente, mas, se o começo já me deixava assim, conseguia imaginar como ficaria se soubesse tudo o que haveria para saber.
Suspirei e fechei os olhos, encostando a cabeça para trás e tentando acalmar-me.
Tudo vai ficar bem. Tudo vai ficar bem.
Tudo tem que ficar bem.
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Mensagem por Roy Denis 01.09.17 13:43

Esfreguei os olhos assim que ela se afastou, sentindo toda a tristeza e raiva nas suas palavras. Preferia-a assim, preferia que mostrasse tudo do que chorasse comigo pelo que tinha acontecido. Isso não queria dizer que não doesse.
Engoli em seco, limitando-me a não dizer nada, e vi-a ir-se embora. Levantei-me, aproximando-me mais do precipício e olhei para o branco da espuma do mar quando batia nas rochas, já estava tão escuro que era tudo o que conseguia ver. Mordi o lábio inferior e enfiando as mãos nos bolsos e voltei atrás, para o carro, não queria deixá-la à espera.
Abri a porta e entrei, observando-a por uns segundos antes de falar.
- Eu posso ir a pé, a minha casa fica perto. - Disse em primeiro lugar. - Mas, antes... Se os teus pais pegassem em ti e no teu irmão e te dissessem que nunca mais podiam voltar porque era perigoso para todos, que não podiam falar com ninguém porque todos eram suspeitos, ninguém era de confiança, tu tentavas falar quem tinhas deixado? Talvez tentasses, mas eu tive medo - admiti. - Eu nunca falei com vocês, mas ouvi-vos - nem devia estar a dizê-lo, mas ela precisava entender que não tinha parado de pensar neles. - Eu sei que nunca mudaste o teu número, o Tobias também nunca o fez. Eu telefonei-vos em anónimo, fiz um pacto comigo próprio: ia telefonar-vos pelo menos uma vez por ano, no dia do aniversário de quando fui embora. - Olhei para a rua, para a escuridão, e suspirei, já a abrir a porta. - Eu vou a pé.
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Mensagem por Alessia Campbell 01.09.17 13:56

Não demorou muito até que eu ouvisse a porta do carro a abrir-se. Abri os olhos calmamente, habituando-me à pouca luz, e não olhei para ele quando finalmente começou a falar, uns segundos depois.
Tive vontade de gritar quando disse que nos ligava para nos ouvir no dia em que fazia anos que fora embora. Abanei a cabeça e respirei fundo.
- Não eras o único a ligar-nos em anónimo nesse dia. - disse simplesmente e bufei quando ele abriu a porta do carro outra vez. - Não, não vais a pé. Vais ficar onde estás e dizer-me a porcaria do caminho. - disse, chateada, finalmente olhando para ele. - Não podes simplesmente voltar e querer que tudo seja como se não estivesses aqui outra vez. - acusei-o. - Vou deixar-te em casa. Com sorte, não arranjas uma segunda data para ser comemorada. - continuei num tom amargo.
Finalmente liguei o carro e coloquei o cinto, desligando o rádio porque a música estava a irritar-me naquele momento.
Roy não sabia ao certo, mas ele nunca fora a única chamada. Havia pessoas que nos ligavam sempre naquele dia - muitas delas riam-se, outras permaneciam em silêncio. Chegou a existir alguém que, brincando com os nossos sentimentos, disse que algo tinha acontecido com ele. Mas Roy não precisava de saber o quão loucos tínhamos ficado. Os três. Chegáramos a sair de Sydney, porque nos derem uma pista falsa sobre onde o encontrar. 
Suspirei. Eu não queria magoá-lo ainda mais com as minhas palavras, mas não me conseguia controlar. Tinham sido cinco anos de puro controlo sempre ouvira a menção do seu nome, sempre que aquele dia passava. Ele precisava de saber que as coisas não tinham ficado bem só porque ele partira. Muito pelo contrário.
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Mensagem por Roy Denis 01.09.17 14:35

A sua resposta fez com que as minhas sobrancelhas se juntassem, confuso. - Não era o único a ligar-vos em anónimo? - Perguntei. Existiam muitos adolescentes a ligar em anónimo para as pessoas, como uma espécie de partida, mas a maneira como ela dissera era como as pessoas ligassem especificamente nesse dia.
Acabei por fazer como me pedia, engolindo todas as palavras que me dizia, e puxei o cinto, para me proteger da sua fúria. Soltei um suspiro, observando as ruas que começaram a desenrolar por nós. Fui-lhe dizendo em voz baixa as indicações para minha casa, a pé demoraria meia hora, mas de carro a viagem só demorou cinco minutos. Antes de sair, retirei um fio que tinha no pescoço, escondido pela camisa.
- De qualquer maneira, eu quero que fiques com isto. - Era o anel de noivado da minha avó, ela tinha-me dado antes pouco tempo antes de morrer. Não era grande nem muito valioso a nível monetário, mas a minha relação com a minha avó tinha sido igual à de uma mãe com um filho. - Não sei o que é que vai acontecer connosco enquanto estivermos aqui... podes guardá-lo? - Perguntei, já com um pé de fora do carro. Queria ser rápido, porque se a minha mãe soubesse que tinha estado com ela, ia ser mais um martírio para adormecer.
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Mensagem por Alessia Campbell 01.09.17 14:42

Abanei a cabeça e suspirei.
- Não, não eras. Cidade pequena, dia marcante. - murmurei, decidida a não lhe dizer muito mais do que isso. Naquele momento, pelo menos.
Sempre tínhamos atendido as chamadas, com esperança que pudesse ser ele. Se ao menos soubéssemos que, em algumas das chamadas, era ele...
Recebi as suas indicações e conduzi pelas ruas de acordo com elas, reconhecendo alguns caminhos que fizera poucas vezes. Morávamos em lados distintos da cidade, tal como antes, mas conseguia notar o quão diferente aquilo estava.
Quando finalmente estacionei o carro em frente ao seu prédio, observei-o a abrir a porta, em silêncio. Mas ele parou, virando-se para mim e retirando algum fio do pescoço.
Peguei nele com cuidado, ouvindo o que me dizia. Dei por mim a assentir quando me perguntou se podia guardá-lo e engoli em seco.
- Mas não vai acontecer nada. - murmurei, vendo o pequeno anel no fio. Parecia uma aliança, simples, mas bonita. - De quem é? - perguntei, olhando para ele rapidamente.
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